Conheça duas práticas capazes de criar uma onda de bem-estar e significado que vão impactar positivamente na sua vida de 2020 para frente!
por Ana Carolina Azevedo
Há algo de maravilhoso em todos nós, que pode estar adormecido ou ter sido submerso pelas águas turbulentas de 2019, numa inversão de prioridades e propósito a que comumente chamamos de rotina. Mas está lá, pronto para emergir novamente em 2020. Quando identificamos e abraçamos esse maravilhoso com todas as forças, não existe mais fator externo capaz de importunar nosso estado de felicidade. Ainda que haja muitas tragédias e injustiças, saberemos lidar com elas como parte de uma jornada que, em suma, será feliz.
Quando se trata de felicidade, é oportuno pontuar que ela não se encontra num estado de perfeito contentamento, mas no sentimento genuíno de completude. A fenomenal Monja Coen costuma provocar o público de suas palestras com o conceito de “prazer na existência”, em que a pessoa torna-se capaz de agradecer até mesmo as coisas impróprias que lhe acontecem – as perdas, as doenças, os abandonos e decepções –, passando a experimentar uma real apreciação pela vida e pela alternância.
Essa tal felicidade que é um desejo compartilhado por todos é temática desdea antiguidade e, nos tempos modernos, inspira livros, filmes e até de um congresso internacional, realizado há quatro anos, em Curitiba. Esse encontro costura conceitos do budismo, filosofia, da sabedoria tupi-guarani, da neurociência, psicologia, psiquiatria, gestão empresarial, da nutrição e educação física. Na edição mais recente, realizada em novembro, mais de três mil pessoas participaram de dois dias com palestras, painéis e práticas meditativas. Agrada saber que existe uma pluralidade de preceitos e caminhos, todos apontando para o mesmo objetivo.
Desde Hipócrates até os dias de hoje, a questão tem abordagens científicas, holísticas e espirituais. O pai da medicina já sabia – e os estudiosos da atualidade concordam – que perdemos nossa saúde conforme nos afastamos da natureza. No Congresso Internacional de felicidade, apesar das visões complementares e, por vezes até divergentes, duas questões centrais têm a concordância das diferentes áreas de estudo como bons caminhos para a felicidade.
Caminhos possíveis
A primeira delas é a prática de meditação, amparada não apenas pelo budismo, mas pela neurociência. O mapeamento do cérebro vem ajudando a entender quais as áreas responsáveis pelo bem-estar e como mantê-las ativadas por mais tempo. A regulação do córtex pré-frontal, segundo a psicóloga e antropóloga formada pela Universidade de Harvard, Susan Andrews, é um dos aspectos essenciais para que se atinja o bem-estar e reduza a hiperativação do sistema primitivo de defesa (lutar ou fugir) e consequente liberação excessiva de cortisol – o hormônio do estresse.
Susan explica que a grande parte da depressão e ansiedade dos dias atuais é causada por exaustão cerebral, porque nosso sistema de medo e sobrevivência primitivo está sempre ativado. A meditação oferece um poderoso contraponto ao excesso de estímulos estressantes do cotidiano, com quatro componentes essenciais para o bem-estar: a atenção plena e redução da divagação; o desenvolvimento de uma perspectiva mais positiva dos outros e da vida, aumentando o sentimento de compaixão; a resiliência e generosidade.
A generosidade, inclusive, é a segunda questão poderosa ligada diretamente à felicidade. Os especialistas concordam que não existe felicidade individual, pois, ainda que todos os aspectos físicos, mentais e espirituais do individuo estejam alinhados, o propósito central da vida está sempre nas relações. Por isso, a especialista Susan Andrews sugere que as pessoas dediquem tempo e atenção a algo além de si próprio. “Felicidade é um estado do ser, mas também uma habilidade que pode ser praticada, como tocar violino”, afirma a psicóloga.
Existem outros tantos cuidados capazes de se aliar e levar a um estado mais genuíno de bem-estar – incluindo um olhar mais atento e amoroso para a saúde física, com uma alimentação adequada e a movimentação do corpo com exercícios de boa qualidade. Como ponto de partida, no entanto, a dupla de coringas é excelente: olhar para dentro com a meditação e olhar para fora com atos de generosidade. De 2020 em diante, a felicidade pode independer de planos, conquistas e grandes feitos. Nas palavras do antropólogo Roberto Crema, um maiores nomes da terapia holística no país, “A transformação, a liberdade e a felicidade estão no encontro e é possível aprender a amar, um passo de cada vez”.
A inteligência do coração como caminho para a felicidade
O coração possui uma inteligência capaz de guiar para a saúde e felicidade. A lógica mental foi o caminho que a humanidade escolheu para guiar suas vidas, mas, de acordo com o pesquisador Howard Martin do Heart Math Institute, o coração é a sede de uma forma de inteligência que controla o cérebro e tem um efeito benéfico em todo o organismo. Ele é capaz de influenciar e dirigir nossas emoções, moralidade e capacidade de decisão, sendo a sede da consciência individual, o centro da vida, ou seja, é o nosso guru interior.
A inteligência do coração pode mudar positivamente a vida das pessoas. Conforme Martin, ao aumentar a energia do coração e gerar sentimentos elevados como gratidão, compaixão, carinho e cuidado, as pessoas podem ampliar sua inteligência intuitiva.
A organização da qual Howar Martin é cofundador e vice-presidente estuda um campo eletromagnético que envolve o coração e reverbera para até um metro além do nosso corpo. Esse campo afeta as pessoas próximas e é afetado por elas. Nesse processo de consciência baseada no coração, ele indica que é preciso desenvolver boas decisões, elencar prioridades e alcançar a coerência. “Coerência é um estado ideal em que o coração, a mente e emoções estão alinhados e sincronizados”, pontua o estudioso.
Como chegar à coerência? Faça essas perguntas a si mesmo e descubra seu nível de coerência nas respostas, lembrando que o processo de consciência do coração é permanente, conforme Howard Martin:
// Você sabe quem realmente é?
// Você busca desenvolver o discernimento sua capacidade intuitiva?
// Você é capaz de ter uma conexão profunda consigo mesmo e com os outros ou suas relações têm certo nível de superficialidade?
// Você exercita o amor, a gratidão, a gentileza, a compaixão e a paciência?
// Como anda sua capacidade criativa de cocriação – ou seja: você consegue contribuir positivamente com a coletividade?