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Alzheimer e os carboidratos | por Fernanda Godoy Farto

Mais de 80% das pessoas com doença de alzheimer têm diabetes tipo 2 ou níveis anormais de açúcar no sangue. Essas duas condições são tão íntimas que os cientistas adotaram para se referir à doença de alzheimer, o termo “diabetes tipo 3”. A evidência que liga a doença de alzheimer a diabetes é devido a insulina que é um hormônio secretado e liberado pelo pâncreas quando o alimento é ingerido, principalmente carboidratos que se tornam em glicose. Quanto mais glicose no sangue, mais o pâncreas produz insulina para baixar a glicose.

Resistência à insulina: é quando o açúcar no sangue se descontrola, e é aí que tudo começa a dar errado. O corpo humano não foi projetado para lidar com um dilúvio regular de açúcar. Ele só pode lidar com certa quantidade antes de desenvolver sinais de que não está conseguindo suportar sua carga de trabalho. A resistência à insulina é um desses sinais. Basicamente, isso significa que a insulina começou a perder seu efeito, e a glicose permanece no sangue em vez de ser processada normalmente. O corpo, sentindo que ainda há muito açúcar no sangue, bombeia ainda mais insulina em um esforço para lidar com isso, mas com pouco ou nenhum efeito. Se isso persistir por tempo suficiente, a resistência à insulina leva a diabetes. A razão para o desenvolvimento de resistência à insulina é bastante simples. Uma dieta implacável de comidas e bebidas açucaradas, carboidratos (pão, arroz, batatas, bolos, biscoitos, integrais ou não, coloque na sua cabeça carboidratos são todos iguais no sentido de metabolização pois temos apenas uma forma de metabolizá-los) acaba cobrando seu preço.Esta forma de comer carbos em todas as refeições não é natural, mas de alguma forma veio a ser considerada normal. Sugiro ler o livro SAPIENS de Yuval Noah Harari para entender melhor o motivo de comermos carboidratos.

Do tipo 2 ao diabetes tipo 3

Como isso se liga à doença de Alzheimer? Altos níveis de insulina podem interferir nos neurônios e afetar a função cognitiva, incluindo a memória e a concentração. Maior exposição à glicose também significa maior suscetibilidade a um processo conhecido como glicação.

Glicação é a ligação entre diabetes e doença de alzheimer. É um processo pelo qual certas proteínas são danificadas quando expostas a altos níveis de glicose que cria produtos finais de glicação avançada (AGEs), que podem impedir que os neurônios funcionem corretamente.  Em suma, uma dieta sem fim de alimentos açucarados e carboidratos refinados dá origem à resistência à insulina, que pode finalmente dar origem a diabetes tipo 2 e, posteriormente, à doença de alzheimer. Sabemos disso desde a década de 1990, quando a literatura começou a surgir, mas está apenas começando a fluir agora. 

A dieta cetogênica, alzheimer = diabetes tipo 3

A ligação entre o açúcar no sangue e a demência pode soar alarmante, mas oferece enorme esperança. Isso porque o diabetes tipo 2 é uma doença do estilo de vida e, portanto é evitável.

Com mudanças dietéticas adequadas, você pode reduzir suas chances de desenvolver diabetes tipo 2 e, simultaneamente, reduzir suas chances de desenvolver diabetes tipo 3.

A dieta cetogênica foi originalmente (e ainda é) usada para tratar pessoas com epilepsia. Aí está a sua pista – a epilepsia é uma desordem cerebral. Basicamente, é uma dieta rica em gorduras e muito baixa em carboidratos. Por sua natureza, restringe muito a quantidade de insulina e, portanto, a glicose no sangue. Sem carboidratos para queimar como combustível, o corpo muda para produzir algo chamado corpos cetônicos, a partir da gordura. A dieta cetogênica  também foi considerada terapêutica no tratamento de pessoas com comprometimento cognitivo leve. Os cientistas deram a 23 pessoas idosas uma dieta rica em carboidratos ou com pouco carboidrato por 6 semanas. No final do estudo, aqueles com dieta pobre em carboidratos experimentaram melhora no desempenho da memória verbal. Estes resultados indicam que o consumo muito baixo de carboidratos, mesmo a curto prazo, pode melhorar a função da memória em idosos com maior risco de doença de alzheimer.

Como funciona a dieta cetogênica? Primeiro, o alto nível de gordura na dieta repara os danos às células cerebrais. As cetonas produzidas a partir da gordura fornecem um combustível alternativo ao cérebro, no lugar da glicose. A segunda possibilidade é que a ausência de açúcar e carboidratos refinados na dieta inicie o processo de cicatrização e evite maiores danos. Outra grande coisa sobre a dieta cetogênica são as cetonas produzidas no fígado, seja a partir da gordura que você come ou da gordura armazenada. Então, quando você muda para uma dieta muito baixa em carboidratos, seu corpo começa a queimar suas reservas de gordura e, consequentemente, você perde peso. 

Dicas: 

Se você é saudável, mas quer apenas reduzir o risco de desenvolver diabetes e alzheimer mais tarde, não precisa seguir a dieta cetogênica à risca. Basta cortar todos os carboidratos desnecessários. Ninguém precisa de açúcar. Seu corpo só precisa de comida real e saudável. Você precisa de proteínas, carne, peixe, ovo, queijo e muitos vegetais para acompanhar. As necessidades dietéticas humanas são surpreendentemente simples. Outra coisa que você pode fazer é evitar lanches entre as refeições. Lanches significam que a produção de insulina é constantemente estimulada, assim você dá um descanso ao seu pâncreas. Nutri nunca vou poder comer esses carbos? Claro que vai, mas em momentos que valem a pena, como uma comemoração.

A doença de alzheimer é uma doença complexa e existem muitas causas possíveis. Mas com casos de alzheimer e diabetes tipo 2 aumentando simultaneamente, e em um ritmo alarmante, fazer mudanças na dieta que controlam a glicose e a insulina deveria ser uma escolha óbvia para quem quer manter a boa saúde.

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