Entidade está articulando com lideranças municipais e estaduais para reverter determinação
O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves recebeu com indignação a decisão tomada pelo Governo do Estado que coloca a região da Serra na bandeira vermelha – situação que implica na adoção de severas restrições aos setores produtivos – e adotou postura de inconformidade e repúdio diante da determinação. “No nosso entendimento, a decisão tomada é inadmissível, inconcebível. Não podemos aceitar ou permitir que isso aconteça”, afirma o presidente da entidade, Rogério Capoani.
A imposição de uma nova parada das atividades para os segmentos do comércio e prestação de serviços, bem como a obrigatoriedade da redução das capacidades de todos os setores produtivos, trará perdas significativas, encaminhando a região para um cenário irreversível em um futuro muito próximo. “Com muito esforço e dificuldade as empresas vinham começando, timidamente, a se restabelecer em suas atividades. Uma regressão, agora, será fatal e poderá concretizar àquele que tem sido, desde o início, nosso maior temor: o caos social”, enfatiza.
O CIC-BG está articulando contatos com entidades do município e também de cidades vizinhas da região, com a Assembleia Legislativa do Estado e com o poder Legislativo local buscando contrapor enfática e veementemente a decisão tomada pelo Governo do RS. Há, também, contatos em andamento com o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, externando a discordância e repassando informações que subsidiam o posicionamento contrário adotado pela entidade.
Números embasam posicionamento
Há mais de 60 dias monitorando os dados da evolução da covid-19 no município, o CIC-BG contesta os elementos técnicos e científicos utilizados pelo Governo do Estado para enquadrar o município na bandeira vermelha. Estudos conduzidos pela entidade – que, a partir da curva polinomial da primeira fase da doença permitiram projetar o pior cenário possível da pandemia na comunidade – indicam que, conforme dados atualizados dia 12 de junho, Bento Gonçalves está com cenário 25% abaixo do pior cenário estimado.
A partir de 29 de maio o número de casos efetivos começou a cair, mantendo-se abaixo de 150. O surgimento de novos casos, desde 19 de maio, tem sido linear: isso permite identificar a estabilidade do cenário e prever que o município pode apresentar até 13 casos diários, em média, e um efetivo médio de 130 pacientes.
“Se a cidade mantiver o número de efetivos abaixo de 150, isso não compromete a estrutura hospitalar e a capacidade de atendimento, tanto de leitos quanto de respiradores. Já era um cenário previsto e a rede de saúde está pronta para isso”, informa Capoani.
Desde o início da pandemia, o município manteve, em média, a seguinte necessidade hospitalar: 77% dos efetivos em tratamento domiciliar; 11% de ocupação de leitos hospitalares e 10% de pacientes na UTI. Dados do dia 12 de junho indicam a disponibilidade de, pelo menos, 30% dos leitos de UTI na rede pública e mais de 50% na privada. A segurança quanto à capacidade de atendimento encontra apoio em outro dado: a cada dez infectados, dois precisam de atendimento hospitalar, mas não necessariamente de respirador – e a cidade tem, para cada 10 pacientes positivos, nove respiradores disponíveis.
Somado a esses indicadores, o dado mais impactante é este: por três semanas consecutivas o número de curados ultrapassa o número de novos casos. Esse é um indicativo de que a pandemia está controlada. “Os números mostram, portanto, uma situação sob controle. Isso não significa que devamos abrir mão dos cuidados, das medidas protetivas e do compromisso com o retorno responsável – mas certamente justificam que não devemos estar em situação de bandeira vermelha”, explica Capoani.
Crédito das imagens: Augusto Tomasi
Viviane Somacal
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