Obra da jornalista Priscila Boeira foi lançada em concorrida sessão de autógrafos na sexta-feira
Ao propor um jogo imaginativo a respeito da Garibaldi de outras épocas, a jornalista Priscila Boeira convidou o público que prestigiou o lançamento de seu livro, “Garibaldi – Histórias de Nossa História”, a viajar no tempo antes mesmo de abrir as páginas da publicação, apresentada na sexta-feira. “Já parou para pensar que muitas vezes a gente está passando pelo mesmo caminho que nossos antepassados passaram?”, indagou, na concorrida sessão de autógrafos.
De fato, ao se debruçar sobre as 200 páginas do livro ficará muito mais fácil imaginar a Garibaldi da época de Conde d’Eu, a pujante Garibaldi dos anos 1920 ou a Garibaldi de alguns pares de anos atrás. “Garibaldi – Histórias de Nossa História” é o resultado de um trabalho iniciado há três anos, a partir de extensas pesquisas, demoradas entrevistas e constantes checagens até a redação final, que resguarda, de forma humanizada, o que esse município construiu até aqui. “Alguns trechos são romanceados justamente para que não fiquemos só com os dados duros. Esses dados levam ao jornalismo literário para que vocês entrem na história e imaginem o que foi vivido. É um livro de história, mas com emoção”, disse a autora durante o lançamento, no Boulevard Garibaldi, ponto histórico da cidade que, mesmo reestilizado para abrigar o atual centro de compras e lazer, honra sua trajetória como sede de diferentes vinícolas. “É importante o que foi feito com os grafites nas paredes, porque quem está nascendo hoje talvez pense que sempre foi assim. Nós precisamos resgatar histórias assim, por isso que esse livro foi pensado”.
A publicação de Priscila tem, justamente, o mérito de reconstituir memórias e o legado cultural de Garibaldi, começando com uma apresentação de Annita Garibaldi Jallet, bisneta de Giuseppe e Anita Garibaldi. Para isso, distribuiu as histórias em cinco capítulos – “Os Sonhadores – A viagem dos primeiros imigrantes de Conde d’Eu”; “Formação da Colônia”; “Il Palazzo dei Frati”; “Pacômio, o precursor”; e “Cultura Vintage”. As histórias cativam. De pronto, ela resume o sonho imigrante a partir da trajetória dos pioneiros Cyrillo e Marianna Zamboni – da travessia à dura realidade em terras brasileiras. Também compartilha o comovente relato escrito em 1893 pelo alfaiate Luigi Toniazzi, despendindo-se de sua Vallonara, no Vêneto. A saudade era tanta que, quando estabelecido em Garibaldi, encomendou aos também imigrantes Agostinho e Heitor Mazzini que reproduzissem a casa de sua infância.
A fé, marco fundamental para encarar o desafio na nova pátria, é retratada pelo trabalho dos freis capuchinhos, dos irmãos maristas e das irmãs do Convento São José – todos importantes para a formação dos moradores. Priscila teve acesso aos diários do frei francês Bruno de Gillonay e a correspondências trocadas com os superiores, na França. “Ele falava detalhes de como estava a organização e a estrutura da cidade, e a necessidade de haver imprensa”, destaca a autora.
Recortado por fotos históricas que ajudam a situar o leitor no tempo, o livro revela a importância do irmão Pacômio no desenvolvimento da vitivinicultura local e na criação da histórica Granja Pindorama, marco do setor no município. Outro símbolo icônico é a Rua Buarque de Macedo. Ali aflora toda a relação de afeto do garibaldense com o patrimônio, num centro histórico repleto de casarios cujas construções datam de fins do século 19 e início do século 20, também um dos motivos de sua relação com a cultura vintage. O livro ressalta história de algumas delas, como a Mansão Mazzini – a neta de Agostinho e filha de Heitor, Theresinha, esteve na sessão de autógrafos, ao lado da filha Isabel – e o Museu, prédio de alvenaria mais antigo da Serra e onde viveu o desafeto da igreja Abramo Canini. A recuperação de histórias acerca da Fábrica de Gaitas Zoppas, talvez a primeira do Brasil no gênero, com relatos de produção desde 1897 – os descendentes também estiveram no lançamento do livro –, e da Fábrica de Sinos Bellini ajudam a recontar e a registrar perenemente a memória da cidade. “Entregamos um livro com informações fidedignas, para que Garibaldi tenha um livro que honre realmente com sua história”, disse a autora.
Parte dos exemplares de “Garibaldi – Histórias da Nossa História” será doada a escolas, dando continuidade ao trabalho da artista em promover e preservar a história da cidade. “Esse livro leva a história para frente com o mesmo ímpeto que tiveram nossos antepassados”, disse o prefeito, Sergio Chesini. O livro conta com Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura – Governo Federal – União e Reconstrução, e patrocínio de Ricefer, PanEletric, Madesa, Nutrire, Tramontina, Transportes Bertolini, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Madem, Piva, Modelo Vidros e Cairú.
Serviço
O livro “Garibaldi – Histórias da Nossa História” (200p.) está sendo comercializado a R$ 120 e pode ser encontrado nos seguintes pontos de venda: Disco Center (Garibaldi), Dom Quixote Livraria (Bento Gonçalves) e App Apolo Papeis e Presentes (Garibaldi, Bento e Carlos Barbosa), Amazon, ou com a autora, através dos e-mails pboeira.reporter@gmail.com e priscila@relatoconteudo.com.br