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Honrada Maria de Magdala | por Raiane Paula Fraga

Era uma vez, há muito tempo no passado, em uma cidade Helenista chamada “Magdala”, onde uma alma foi parida ao mundo, entregue a um corpo biológico feminino, renascida do ventre sagrado. Esta alma, que recebeu o nome de Maria, trazia consigo uma missão que perduraria para todo o sempre, vibrando através do tempo eterno da humanidade a profecia emblemática do sacrifício do Nazareno, sendo ela mesma o sacrifício inicial da causa.

Maria de Magdala, a também conhecida puta das histórias cristãs, tornou-se a mim uma referência do poder de expressão do feminino, apresentando consigo a força, a resistência e a entrega diante de uma causa que ia além dela mesma.

Iniciada ao sacerdote ainda na infância, a prostituta bíblica era nada menos que uma sacerdotisa do templo de Ísis, treinada desde cedo para ser a portadora de toda a informação que mais tarde seria repassada pelo próprio Cristo na Terra.

Maria Magdalena, que sacrificou seu nome pela causa, tanto quanto Jesus sacrificou seu corpo, ganhou em si um peso nada heroico com o passar dos séculos. E foi caminhando ao lado de Cristo, nem a frente, nem atrás, mas ao lado, que Maria também sacrificou junto ao seu nome toda a herança do feminino que viria depois dela, filhas de suas filhas, porque ela própria reconhecia e compreendia o que significava ser uma mulher.

Nas religiões antigas, ao culto de Deuses que hoje não mais chamamos, o centro de toda esfera sagrada baseava-se em um “Pai” e em uma “Mãe”. Um Deus e uma Deusa que estabeleciam sobre a Terra as bençoes de cada fase anual.

Na primeira fase da primavera, o Deus que nasce na Terra, parido pela própria Deusa, mais tarde torna-se seu amante. No verão, o Deus em todo seu poder, brilha feito o sol, dispondo seu reconhecimento entre seus filhos enquanto a Deusa se faz companheira. No outono, em resiliência, a Deusa protege e cuida do Deus, assistindo-o definhar diante da morte que se aproxima. E quando o inverno chega, juntamente da morte do Deus, a Deusa tristemente se reclusa em uma caverna, gestando em seu ventre o novo Deus que renascerá com a chegada da próxima primavera. É esperança o que ela carrega além do próprio Deus. Esperança em meio a dor e ao sofrimento, pois ela é a Deusa, e a Deusa, como toda a mulher na história, é a resistência.

Maria Magdalena, que de puta tinha apenas sua audácia e atrevimento diante de uma era que aprendeu a temer e depois a odiar as mulheres, sacrificou seu nome na história, mas manteve-se viva, na resistência diante de suas escolhas. Uma alma que em um corpo físico feminino reconheceu força e poder sem igual, e que esperançosamente se manteve, esperando pelo dia que sua verdadeira história fosse contada, e que seu sacrifício atemporal, assim como o de Cristo, em algum momento seria verdadeiramente reconhecido.

Compreender, aceitar e adorar o estado feminino em que nós, mulheres, hoje nos encontramos, é a mais perfeita forma de honrar o sacrifício de Magdalena e toda a ancestralidade que antecede a ela e vem através dela. Somos nós descendentes de uma forja que provém a imortalidade do ser. Somo os portões e as passagens dos reinos. Fomos concebidas pela proporia criação para criar, pois aquela que tudo sabe nos escolheu para assim ser. 

Faz sentido já termos sido tão temidas ao ponto de nossa força central ter sido destruída.

Maria de Magdala assumiu muitas posições ao aceitar o título de “puta” pela história, sendo uma delas, em uma era que já a muito se apresentava a submissão feminina, o grito de guerra de uma mulher.

Que arda em tua alma novamente o fogo da forja do qual foi concebida, seja no sangue que provém de tua mãe, seja da irmandade que precede nossos espíritos. Um corpo feminino a ti foi entregue e o motivo disso é maior que “X” ou “Y”. A criação gerou suas criaturas de formas tão diferentes entregando a elas um propósito escondido. O propósito de honrar o estado do feminino e todo o desconhecido que ele carrega encontra-se em suas mãos.

Não nascemos para ser iguais a homens, mesmo esses descendentes do sacrifício de Cristo.

Nascemos para sermos MULHERES, tão “putas” quanto Magdalena foi a própria causa, afinal de contas, sempre fomos a resistência diante da força que recai sobre nós. 

“No fim, até os homens diante da morte, chamam pela MÃE”.

Namastê! (O Deus que continua sendo eu, 

saúde o Deus que você continua a ser!)

raiane.paulafraga@gmail.com

@terapeuta.raianepaulafraga

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