Eu tinha cinco anos quando aprendi a ler. Sentada na mesa da cozinha, com uma mãe nada paciente tentando me ajudar a juntar sílabas, eu sussurrei “LO-BO”, olhando para ela toda risonha e banguela porque tinha acabado de perder um dente de leite.
Como eu lembro disso? Eu leio!
Ler está condicionado ao resultado de uma mente com um bom funcionamento da memória. É como um exercício físico: quanto mais conteúdo, mais informações e mais histórias o seu cérebro for capaz de armazenar, mais forte e musculoso ele pode ficar. Dá para entender a analogia?
Entretanto, dentro de um ponto nada científico, porém analítico e comparativo, a leitura tem um poder ainda maior por trás do envolvimento que ela cria com o leitor. Ela é capaz de nos fazer pensar, questionar, compreender e exercer um ponto de partida pessoal e particular dentro desse mecanismo chamado vida. A leitura é o nascimento da bendita consciência no estado humano.
Leio, logo existo.
Eu fui abençoada pelos livros. Coleções atrás de coleções me acompanhando na infância junto de uma mãe exigente e também leitora, uma madrinha professora, e professores incentivadores, me tornei politicamente nada correta para os termos do sistema e fui atrás da minha própria verdade. Eu me tornei o que os caminhos escolhidos por mim lapidaram em minha jornada, e em um mundo onde somos para fora, eu fui para dentro, a procura de mim mesma.
Meu trajeto escarlate tem sido uma aventura sem fim, seja dentro dos livros, ou fora deles – mas por causa deles – a vida como o indivíduo que sou no hoje ganhou todo esse sentido grandioso e magnífico. Viver é algo poderoso quando você entende, ou escolhe entender, como fazer isso.
E em cada nova história em que se deleita, na vida de personagens e emoções reais ou fictícias, em cada novo autor que se torna o seu autor favorito, que faz você sentir, pensar, agir, olhar de dentro de uma nova fonte, de um novo ritmo; você vai sendo embalado por um pequeno barco em um lago por vezes calmo, por vezes profundo, por vezes agitado, e você vai sendo, nascendo, na soma de cada parágrafo.
Nessas andanças pelo mundo literário e a tudo que me foi levado, aprendi que conselhos são vagos, mas ensinamentos sempre serão prósperas sementes plantadas. Por isso eu te aconselho de forma vaga: abra sua vida para essa nova identidade. Reconheça em ti o encanto da leitura e tudo o que ela é capaz de gerar no seu centro. Incentive e presenteie seus filhos com livros, sua família, seus amigos, e mostre a eles todo o poder de transformação que puder mostrar empregado em sua vida. O nascimento das sementes se dará por início e você estará em você mesmo quando isso acontecer, o que significa que se o mundo todo corre em uma mesma direção, você será quem corre atrás de uma resposta e uma solução.