Liga de Combate ao Câncer alerta para incidência da doença em mulheres cada vez mais jovens

Aline Valduga, ginecologista e mastologista, diz que têm sido mais frequentes diagnósticos em pacientes a partir dos 40 anos.

Prevenção, com a adoção de estilos de vida saudável, autocuidado e diagnóstico precoce estão entre as principais recomendações da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves (LCC-BG), no Outubro Rosa, mês destinado à promoção da conscientização das mulheres para os riscos do Câncer de Mama. Essa é a doença que mais mata pacientes femininas no Brasil. “Temos trabalhado de forma muito intensa, no Outubro Rosa e de modo contínuo ao longo de todo o ano, as campanhas de sensibilização acerca desse tripé: estilos de vida saudável, autoexame e diagnóstico precoce como estratégias capazes de salvar vidas. É preciso que haja essa conscientização, tanto por parte das pessoas como das autoridades responsáveis pelas políticas de saúde público, coletiva e permanentemente”, salienta a presidente da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves, Maria Lucia Gava Severa.

Não bastasse a gravidade do indicador de mortalidade, as estimativas da área médica e de pesquisa apontam para um quadro ainda mais preocupante no país. “Para 2022, no Brasil, há estimativa de que 67 mil novos casos de mulheres com câncer de mama serão diagnosticados até o final do ano”, alerta Aline Valduga, ginecologista e mastologista, de Bento Gonçalves, graduada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), respectivamente.

Os casos ocorrem mais a partir da menopausa, e comumente, de acordo com a médica, atingem mulheres com idade em torno dos 60 anos. Porém, têm sido frequentes os diagnósticos em pacientes já a partir dos 40 anos. Por isso, a prática do autoexame precisa ser inclusa na rotina o quanto antes. “O autoexame não substitui a mamografia, que deve ser realizada, anualmente, a partir dos 40 anos, mas é uma ótima oportunidade para que a mulher conheça melhor seu corpo, e possa procurar ajuda médica se encontrar qualquer anomalia, como um nódulo, por exemplo”.

Depois, a especialista ressalta a importância da mamografia. “É a principal e mais eficiente maneira de diagnosticar a doença, em tempo de se fazer um tratamento com elevado índice de cura. Por isso o exame precisa ser realizado periodicamente, de forma regular, conforme orientação e acompanhamento”, recomenda.

A mamografia deve ser feita, normalmente, a partir dos 40 anos e até os 77 anos, com periodicidade, no mínimo, anual. Nos casos de mamas mais densas, condição a ser definida pelo profissional médico, a opção deve ser pela mamografia digital, que permite encontrar as menores lesões. “Quanto menores forem as anomalias, nódulos, ou lesões, maiores são as chances de cura”, garante.

Outra recomendação da especialista é que pacientes com histórico familiar de Câncer de Mama devem realizar consultas anualmente. “Melhor ainda se for semestralmente, principalmente naquelas que observam mutações físicas, alterações nas mamas, e acham que podem desenvolver a doença. Estas devem procurar um mastologista o mais breve possível”, alerta.

Mastologista e Ginecologista, Aline Valduga, diz que não há uma idade determinada, a partir da qual as mulheres devem realizar o autoexame como forma de prevenção ao Câncer de Mama.
Imagem: Silvestre Santos

Hábitos saudáveis e prevenção

Além das idas regulares ao consultório médico, a adoção de estilos de vida saudável está diretamente ligada à incidência da doença. De acordo com Alime, a alimentação inadequada é responsável por 35% dos casos de câncer, de todos os tipos, no mundo todo. “Ter uma vida saudável, portanto, ajuda a prevenir a doença. “Um regime alimentar baseado em frutas, verduras, legumes e cereais, com pouco ou nenhum consumo dos ultra-processados, gorduras e carnes vermelhas, é um grande aliado na prevenção e combate”, ensina. Outra questão é a prática de exercícios, por, pelo menos, cinco horas semanais. “A gente não deve tirar férias das atividades físicas”, diz a profissional.

Aline garante que, atualmente, as chances de cura são muito elevadas. “Principalmente se o diagnóstico ocorrer bem no início da doença, por isso é importante manter hábitos saudáveis e realizar consultas e exames periódicos”, afirma.

As dificuldades

O Câncer de Mama é uma doença que surge, na grande maioria das vezes, no seio. Em alguns casos, raros, ocorre, primeiro, o diagnóstico de uma metástase, que é um foco da doença já fora da mama, ou seja, que já se expandiu. “Isso porque a doença tem a capacidade de distribuir células malignas por outras áreas do corpo”, explica a médica.

O combate à doença, uma vez diagnosticada, depende, principalmente, do volume do tumor encontrado e das características dele, analisadas por meio de exame específico, capaz de determinar quais procedimentos são mais recomendados. “Conforme estas condições é que vamos determinar o que fazer. De modo geral, a maioria das pacientes é submetida à cirurgia e radioterapia”, explica. Outros casos são tratados com químio e hormonioterapia.

A quimioterapia é uma das etapas mais dificultosas para as pacientes, na avaliação dela. “É um procedimento que faz perder o cabelo, e com ele, a identidade feminina. Além disso, tem o impacto da cirurgia, quando o tumor não é detectado precocemente. Por isso, a doutora Aline reforça um alerta. “Quando a mulher perceber qualquer sinal diferente, alteração na mama, de pele, um nódulo, secreção do mamilo, mesmo que tenha realizado consulta médica recentemente, e não exista alteração nos exames de imagem, deve procurar um mastologista. Ele é o profissional que tem a capacidade de diagnosticar o Câncer de Mama e, se isso ocorrer, agiliza o combate à doença e aumenta as chances de cura”.

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