Os imigrantes italianos são relembrados com frequência na comunidade bento-gonçalvense, com o intuito de valorizar o povo que fez surgir o município. No entanto, a valorização da cultura italiana tem sofrido interferências negativas no Brasil desde a época de Getúlio Vargas. Em 1942, circulou em locais públicos um cartaz que proibia os imigrantes de falar Alemão, Japonês e Italiano. A busca pela supervalorização local, em período de guerra mundial, fez com que os dialetos italianos, comuns entre as famílias, fossem se perdendo ano após ano.
Na busca de resgatar o “patrimônio cultural imaterial dos imigrantes”, o professor de Língua Portuguesa, Roni Dall’Igna, criou a obra “Dicionário Talian/Português/Italiano de Curiosidades, Elogios e Impropérios”. Durante a pesquisa, centenas de moradores foram entrevistados, buscando resgatar dizeres quase esquecidos com o passar do tempo. O livro conta com cerca de três mil expressões e 32 desenhos de gestos típicos da cultura Italiana, reproduzidas por Douglas Garcia Dias. “A proibição imposta por Getúlio Vargas perdurou até 1986. Foram gerações amordaçadas. As pessoas tinham pouco amor à cultura italiana. Os jovens que entrevistei não sabiam o real significado das palavras. Eles as repetiam por repetir. Então, essa obra é um resgate cultural, para perpetuar a linguagem e as expressões dos imigrantes”, explica Dall’Igna.s imigrantes italianos são relembrados com frequência na comunidade bento-gonçalvense, com o intuito de valorizar o povo que fez surgir o município. No entanto, a valorização da cultura italiana tem sofrido interferências negativas no Brasil desde a época de Getúlio Vargas. Em 1942, circulou em locais públicos um cartaz que proibia os imigrantes de falar Alemão, Japonês e Italiano. A busca pela supervalorização local, em período de guerra mundial, fez com que os dialetos italianos, comuns entre as famílias, fossem se perdendo ano após ano.
“Outro fato que deu suporte à pesquisa foi o de que, ao iniciar as entrevista, fiquei sabendo que em Vicenza – Itália -, em março de 2013, na Piasa dele Erbe, foi criada a L’Academia de La Bona Creansa – que mantém ativos os Departamentos denominados: Academia de la Lengua Veneta – Academia de la Storia Veneta – Academia de la Veneta Architetura e a Academia de la Veneta Comunegasion. A Academia tem ministrado cursos de veneto (foram ministrados mais de 29 cursos, em 6 províncias com mais de 500 diplomados), nos quais se aprende a escrever, na ortografia moderna, é estudada a língua, as suas variações e, no final, tudo é colocado em prática, num curso de 6 estágios. Esta obra é um registro de uma parte do “estágio” do talian na região a fim de não se perder um dos pilares base de cultura italiana. Perida a língua, perde-se a identidade cultural”, acrescenta o professor.
O livro será lançado no dia 27 de agosto, na Dom Quixote Livraria & Cafeteria. “A Dom Quixote tem a proposta de reunir livros, ideias e cafés, num ambiente que seja atrativo. Esse livro retrata a cultura da região numa forma bem humorada, buscando referência dos imigrantes. O dicionário fala das curiosidades, dos elogios e, principalmente, dos impropérios que estão enraizados na nossa cultura. Esse registro vem contribuir para que a língua seja conhecida pelos habitantes. Por isso é uma honra muito grande”, afirma a equipe da Dom Quixote.
Ainda, segundo eles, o espaço está sempre aberto para qualquer vertente cultural e artística, a fim de valorizar todas as expressões sociais.
Foto: Eduarda Eitelven Bucco