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Pai | por Melissa Poletto

Hoje escrevo sobrea fragilidade da vida. Como muitos sabem, meu pai faleceu no dia 22 de outubropassado. E minha mãe em março de 2016. Ambos lutaram bravamente por suas vidas,porém o câncer foi arrebatador.


Passou um filme na minha cabeça. Quando eu estava grávida da primeira neta deDarci e Jane, meu pai havia descoberto o câncer de intestino. Ele lutoubravamente por meio de cirurgias e quimioterapia. Era o ano de 2007, e eleconseguiu dar uma volta na doença. De lá até 2020, ele teve cinco netos, cuidouda minha mãe e fez diversas ações em benefício de muitos. Aqui já cabe umaimensa gratidão pelo tempo que ganhamos com o Darci por 13 anos.


Muitos perderam um confidente, um amigo, um incentivador, mas eu e meus irmãosnos despedimos fisicamente de nosso pai. Nosso herói, o meu primeiro amor e meugrande mentor.
No ano de 2020, a doença avançou e, com a chegada da pandemia, meu pai, sempremuito ativo, se viu obrigado a ficar em casa e longe de seus projetos e amigos,o que acredito ter sido um catalisador da doença. Eu, desde agosto, percebi oseu real avanço e o desânimo dele, a falta de apetite e do prazer que eu semprevia nos seus olhos.


O progresso foi rápido e logo estávamos tendo que ter mais atenção e cuidados.Ele sempre nos disse que já estava pronto, que já havia feito tudo que desejavae que estaria pronto para partir. E, creio fielmente, que ele estava mesmo. Eunão estava, mas o que importa é que ele estava. Nós nunca estamos prontos paradeixar partir quem amamos.


Quero falar um pouco desse pai incrível! Ele sempre foi firme em seusensinamentos. O que é certo é certo e ponto. Quando a mãe dizia “tem que falarcom o teu pai”, o sangue já gelava, eu já repensava se queria mesmo fazeraquilo, se valia a pena ou não, pois certamente ele faria perguntascontundentes sobre o que decidir; e se eu não fosse firme, ele iria impedir queeu prosseguisse. Ali começou o primeiro ensinamento. Tenha firmeza ao caminharpela vida.
Outro grande ensinamento foi sobre confiar em um plano superior, em algo maior.Em muitos momentos duvidosos, ele me falava para projetar o desfecho que euqueria, jogar para o universo e depois não pensar mais nisso, apenas confiar noprocesso. Há muitos outros, que faltariam páginas para repassar a vocês.


Tiveram momentos marcantes com a presença dele. Eu, como a única filha mulher,sempre fui muito próxima do pai, sempre me identifiquei com o jeito dele. Aosmeus 26 anos, eu quis empreender e ele foi quem me deu a segurança necessáriapara dar este passo. Até pouco tempo atrás, ele era o meu confidente paraquestões profissionais, dúvidas de como seguir, decisões, etc. Sentirei faltadestes conselhos repletos de sabedoria.


No último suspiro dele em vida, eu estava lá e, acreditem, até naquele momentoele me deixou um grande ensinamento. Ter coragem quando é o outro que precisaavançar, apenas segurar na mão e se manter firme. Foi o que eu fiz. E ali eu vio corpo parar e a alma se liberar. Dizem que, no fim, entendemos tudo…acredito que sim, pois a passagem dele foi serena como ele mereceu.
O sentido da vida é para frente. Os ensinamentos que ele um dia recebeu de seuspais, ele nos transmitiu um pouco melhor, nós estamos repassando para os nossosfilhos e, assim, a pessoa segue viva em nós. Eu realmente creio nisso. Tudo oque nos foi dado está perfeito como é.
Eu, como mãe, sei a importância dos pais, eles são nossos grandes mentores. Pormeio de seus exemplos, tomamos nossa vida. Tenho certeza que meu pai e minhamãe seguem juntos no plano espiritual, pois se amavam muito. E a nós, filhos,cabe seguir nossos caminhos com pisadas firmes, preenchidas de coragem eacreditando em nós mesmos. E lembrando que agora somos mentores dos nossosfilhos e devemos seguir repassando toda esta sabedoria contida em nossaancestralidade.


Quando percebemos a grandeza que há em nosso DNA, conseguimos sentir segurançaem seguir vivendo. Nosso pai estudou sobre nossos antepassados e nos deixougrandes aprendizados advindos deles. Diante da morte, podemos achar que estamossozinhos, porém eu afirmo: nunca estaremos sós. Eles vivem em nós!


E isto me preenche. Saber que eu nunca estarei só… a separação física é umfato, entretanto, o que é a matéria diante do grande amor dos pais por seusfilhos? Eu agora libero tudo que é do meu pai e da minha mãe e sigo somente como que é meu. Meus filhos tomaram da mesma fonte e na vida adulta seguirão seucaminho. Que assim seja!


“O que vale é o amor.” Darci Poletto (12.04.1943 – 22.10.2020)

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