Painel ‘Cases Inspiradores’ garante que pessoas e inovação são chaves para prosperar

CIC-BG recebeu palestras de Leandro Mazzoccato, Pedro Sehbe e Rogério Tessari

Vindos de ambientes corporativos distintos, os três palestrantes do painel ‘Cases Inspiradores’ que o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves realizou dia 22 de agosto concordaram que, independentemente da atividade, apostar nas pessoas e em inovação são meios de prosperar no mundo dos negócios.

Leandro Mazzoccato, diretor global de vendas e marketing do Grupo Madem; Pedro Horn Sehbe, sócio-diretor das lojas Magnabosco; e Rogério Tessari, diretor-executivo da Tiny Software, revezaram-se no palco para contar os cases de seus negócios e cativar os empreendedores que lotaram o Salão de Eventos da entidade. “É um momento de compartilhar conhecimento, experiência profissional e trajetória de sucesso das empresas de vocês. Tenho certeza que esse momento vai trazer inspiração para todos nós”, disse a presidente do CIC-BG, Marijane Paese, que intermediou o encontro.

Mazzocato explanou inicialmente sobre a atuação da Madem, um conglomerado de 17 empresas presentes no Brasil e em outros cinco países – Estados Unidos, Espanha, México, Colômbia e Bahrein. O grupo, maior produtor mundial de carretéis de madeira, saiu de uma receita de R$ 150 milhões em 2005, quando iniciou o processo de globalização, para quase 10 vezes esse valor em pouco mais de 15 anos, esperando fechar 2022 com R$ 1,4 bilhão.

Desse montante, 70% advêm dos negócios madeireiros do grupo, e o restante tem procedência do segmento do plástico. A Madem não fabrica móveis desde 2006, sendo os carretéis, utilizados para o transporte de fios de fibra ótica e cabos para construção civil e de energia, seu principal produto. “A inovação é uma preocupação da gente. Para o transporte dos carretéis, desenvolvemos a parte de logística a fim de facilitar o transporte, então criamos um kit e o material vai desmontado, incluindo as ferragens. Na parte de apresentação do produto, temos impressão jato de tinta, que pode ser para colocar o logotipo ou alguma informação”, destacou Mazzocato.

O próprio produto da empresa é fruto de sua inovação. O negócio da Madem, inicialmente uma tanoaria fundada em 1949, ficou complicado em meados dos anos 1970, quando a logística para o transporte de bebida mudou para bombonas de plástico. A mudança gerou a produção de outros itens, como compensados e paletes, até chegar aos carretéis. Essas bobinas acabaram sendo desenvolvidas em virtude da chegada de uma empresa italiana de cabos que precisava de um fornecedor de embalagem de madeiras.

A matéria-prima utilizada pela Madem é outro exemplo de sua veia inventiva. “Fomos pioneiros no reflorestamento de pinus no Brasil”, disse, exemplificando outro diferencial da empresa, a preocupação com a sustentabilidade, o que lhe garantiu certificações internacionais para operar no mercado externo. E, garantiu Mazzocato, operar lá fora nem é tão complicado assim. “Lá fora é muito fácil administrar, a parte contábil é simples. Ou seja, não tenham medo. Quem quiser globalizar, não tenha medo de empreender, porque o brasileiro é ‘expert’ em administração”, aconselhou.

Varejo renovado

Com 107 anos de história, a loja Magnabosco é um dos mais bem-sucedidos casos do varejo gaúcho. De um comércio de secos e molhados a um dos principais magazines do Estado, a loja se adaptou às transformações do tempo, mantendo fortemente os vínculos comunitários que permeiam a trajetória secular da casa.

Em 2016, a loja passou por uma reformulação societária, se reposicionando no mercado a partir da chegada de Pedro Sehbe, da quarta geração da família, ao comando da casa. “Apesar de todas as inovações, nós somos uma empresa que preserva muito os laços humanos e busca dentro da nossa comunidade cultivar as tradições e preservar os valores que fizeram a empresa chegar até aqui, ressignificando laços”, disse.

Para Sehbe, a conexão de valor é importante para o consumidor, que busca se relacionar com marcas que façam sentido para ele. “A gente se posiciona acreditando que comunidade é sobre gentileza. Então, as marcas têm que se relacionar além de um discurso de especificação de produto”, reforçou, demonstrando o empenho da casa na preservação do centro histórico de Caxias do Sul e torna-la viva, com ações como o show de Natal nas sacadas do histórico prédio de arquitetura art déco. “Todo segredo para a chave do sucesso é estarmos, como empresários, dispostos a aprender a desaprender”, enalteceu.

Com o conceito de store in store – algo como lojas dentro da loja – implementado por Sehbe, a Magnabosco delimitou espaços de marca, ampliando sua referência no setor verejista. Hoje, a Magnabosco tem 85 mil clientes ativos. De 2016 a 2021, a empresa dobrou seu faturamento e prevê crescer 50% neste ano em relação ao ano passado. Nessa batida, a Maganabosco não só voltou a ter uma operação em Bento Gonçalves, inaugurada há menos de seis meses, como projeta abrir outras três lojas até 2023. Tudo isso, mantendo uma taxa de rotatividade de colaboradores de apenas 2,5%. “Criamos um clima organizacional com menos competição e mais colaboração. Nossas metas são setoriais, temos 10 setores especializados dentro da empresa, e não individuais. A humanização é o que caracteriza nossa cultura de empresa”, comentou.

Atuação por propósito

O diretor executivo da Tiny Software, Rogério Tessari, apresentou seu case que, ao contrário dos outros, acaba de completar 10 anos. Hoje, sua empresa faz parte da Olist, um grupo com 1,6 mil trabalhadores e sete anos de estrada que possibilita a entrada de lojistas de todos os tamanhos nos principais e-commerces do país. 

Sua fala abordou o empreendedorismo, o qual associou à vontade de fazer diferente. “Precisamos acreditar no sonho e ter persistência. Quando criei a Tiny, vi que o e-commerce era o caminho. Teve uma sinergia com isso, porque em 2012 isso estava começando a ficar forte”, lembrou o criador do software de gestão. Seus clientes eram pessoas que, durante o dia, tinham seu trabalho e, à noite, tocavam seus negócios como pequenos empreendedores de e-commerce. “Fez muito sentido para eles e surgimos com muita aderência”, disse.

Quando chegou à assinatura de 2 mil clientes, percebeu que o caminho estava consolidado. “Empresas são pessoas, e nossa cliente são essas pessoas que trabalham dentro das empresas. Antes de ter receita, eu precisava fazer algo para o meu cliente, para fazer sentido para ele e ele pagar a assinatura do meu produto. É importante nunca se perder do nosso propósito essencial, que nos leva a continuar nos nossos negócios”, aconselhou.

A associação com a Olist, uma espécie de loja de departamento dentro do marketplace, ampliou o papel da Tiny. Agora, ela oferece maior eficiência operacional para micro e pequenas empresas aos clientes da Olist, e ainda faz elas venderem mais. “Isso ocorre porque a Olist empresta sua reputação para o pequeno vendedor vender mais”, explicou. Para ele, o e-commerce do futuro será uma integração maior dos canais de venda, como no WhatsApp e também através dos influenciadores digitais. “Será uma outra cadeia de comércio e uma mudança de conceito com o varejo estando em todo lugar”, disse.

Qualifica Bento e novos associados

Tônica entre os discursos dos convidado, a qualificação profissional ganhou eco no pronunciamento da presidente do CIC-BG, Marijane Paese, que destacou os esforços do CIC-BG para o projeto Qualifica Bento, voltado à qualificação da mão de obra. Mais de 85% das empresas do município, conforme pesquisa empreendida pela entidade com apoio da prefeitura, da UCS e do Bento+20, têm problemas dessa natureza em seus quadros de funcionários.

Centenas de nomes de candidatos interessados nos cursos tanto de iniciação quanto de qualificação profissional já estão no banco de dados do CIC-BG. Agora, o trabalho é conectar quem deseja se qualificar com as organizações dispostas a investir na qualificação da mão de obra. Por isso, a participação das empresas será determinante para o sucesso do projeto. A mão de obra qualificada não é só o melhor como é o único caminho para o sucesso de um negócio. A tecnologia é, sem dúvida, ferramenta necessária nesse processo, mas se não investirmos em pessoas, não teremos inovação em nossos negócios. E negócios que não inovam, não prosperam”, disse Marijane.

Nesse sentido, Judenor Marchioro, diretor-executivo da Robopac Brasil, novo patrocinador do CIC-BG, corroborou a fala de Marijane. Disse que as indústrias atravessam um momento crítico de mão de obra. “Gente é o que faz a diferença. Sem investir em pessoas, não teremos um futuro próspero. Precisamos unir forças, com as entidades representadas pelo CIC-BG, para levar nossas demandas ao governo. Vamos nos abraçar por uma causa única e, assim, ter mais força”, comentou Judenor.

O evento também contou com as boas-vindas do CIC-BG aos novos associados, grande pilar da força representativa da entidade. Foram chamados ao palco os representantes das empresas Affetto Serviços e Assistência Domiciliar, Aptidão Treinamento e Gestão de Alimentos, Bertocchi & Paludo Consultoria Ambiental, Construtora Gasperin Pilatti, Enoteca 75, ME Desenvolvedora de Fornecedores, Nutrittiva, SPA do Vinho e Univates.

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