No Dia do Cooperativismo, a Cooperativa Vinícola Garibaldi destaca propósito alicerçado no bem-estar das pessoas para desenvolver a coletividade
O cooperativismo representa importante meio para o mundo alcançar o desenvolvimento sustentável, como a própria Organização das Nações Unidas (ONU) já reconheceu. Um dos grandes motivos para isso está em seu propósito de não visar apenas o lucro, e sim as pessoas, através da disseminação – e da prática – de valores como solidariedade, cooperação e democracia.
O Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no primeiro sábado de julho, convida a entender como tais princípios são capazes de transformar uma sociedade por meio de pessoas que se organizam em cooperativas, como é o caso da Cooperativa Vinícola Garibaldi. “Somos uma sociedade de pessoas. Elas são o nosso capital”, pondera seu presidente, Oscar Ló.
Sendo assim, todo o poder emana do associado. Na Cooperativa Vinícola Garibaldi são 450 famílias de pequenos produtores que se estruturam, produzem e crescem juntas, no mesmo passo do negócio. Associado há 25 anos, Dirceu Pasini sabe como o interesse pelas pessoas proposto pelo cooperativismo contribui para seu crescimento. “Quando comecei, não tinha nem meio hectare de vinhedos. Hoje, com a família, temos 18 ha”, diz o produtor da linha São Jorge, interior de Garibaldi. “A cooperativa nos incentivou a plantar mais uvas viníferas. Nós até tínhamos resultado, mas não como agora. Está ótimo”, conta Pasini, cuja história com a cooperativa remete a seu avô e hoje segue com os dois filhos e a esposa, também associados.
Essa continuidade, de geração para geração, é apenas uma entre as tantas vantagens que as famílias associadas a uma cooperativa têm. “A sucessão ocorre porque há uma contribuição para a reprodução do modo de produção”, diz o diretor-executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Helio Marchioro. Para ele, o modo de operação do cooperativismo é o ponto central na relação de trabalho que possibilita o crescimento mútuo de cooperativa e cooperativados. “As decisões são tomadas em conjunto, e a probabilidade de que elas atendam aos interesses dos associados é muito grande no que se refere à remuneração pelo resultado do trabalho e da possibilidade de utilizar socialmente os meios de produção”, destaca.
Inseridas numa cooperativa vitivinícola as famílias têm acesso à assistência técnica, tendo contato com tecnologias e inovação, e à possibilidade de participarem de projetos coletivos, visando a diminuição dos custos de produção. “Dessa forma, permite aos produtores colocarem no mercado um produto industrializado, uma vez que de forma individual seria quase impossível, além de contribuir para a reprodução do complexo produtivo da uva, incentivando a distribuição da riqueza”, analisa Marchioro.
Assim como os ganhos são perceptíveis para associados de longa data, como é o caso de Pasini, novos cooperados também desfrutam dos benefícios de fazerem parte de uma cooperativa. Vlademir Zantedeschi, produtor na linha 130 da Leopoldina, em Santa Tereza, se associou a Cooperativa Vinícola Garibaldi em 2022 e percebeu as diferenças de estar inserido num novo contexto. “Hoje, o melhor meio é o cooperativismo, porque temos menos burocracia para resolver e mais ajuda para produzir com qualidade”, relata ele, que tem um irmão associado há mais de 10 anos. “A experiência está sendo muito boa”, diz Zantedeschi.
Também entre os associados que estão há menos tempo na cooperativa, Ivar Araldi destaca a garantia da comercialização da safra. Há cinco anos no quadro de associados da Cooperativa Vinícola Garibaldi, ele enxerga tempos de bonança ao trabalhar junto com a organização. “Antes eu entregava em várias vinícolas e era mais complicado. Nós saíamos com a carga, mas não sabíamos se aceitariam toda a produção. Produzir com qualidade e ao mesmo tempo, ter a certeza de que nossa produção será vinificada, nos deixa muito mais tranquilo”, comenta o agricultor, que na última safra entregou quase 600 mil quilos de uva produzidos em seus vinhedos em Pinto Bandeira.
A garantia de remuneração é, sem dúvidas, uma das formas que o cooperativismo tem de valorizar o produtor, assegurando renda e trabalho ao cooperado. “Tendo a cooperativa, o produtor não precisa ficar preocupado em como vai vender o vinho, precisa apenas se preocupar em produzir com qualidade. A indústria e o mercado são responsabilidades de quem ele contrata, afinal, o cooperado é o dono do negócio”, diz o presidente da Fecovinho, Valderiz Pozza.
Cooperativas vitivinícolas da Serra representam mais de 4 mil famílias
As cooperativas vitivinícolas estabelecidas na Serra são compostas por milhares de pessoas inseridas na agricultura familiar. Essas cooperativas representam mais de 4 mil famílias e respondem por 25% da produção do setor e por 34% da comercialização de produtos envasados.
O diretor-executivo da Fecovinho destaca que o cooperativismo permitiu, de certo modo, a reprodução da agricultura familiar na vitivinicultura. Assim, a base produtiva da agricultura vitivinícola na Serra, diferentemente de outras regiões do mundo, está baseada em famílias de pequenos agricultores. “Essas famílias tiveram uma importante ferramenta no que se refere à organização e ao desenvolvimento econômico que as sustentam na atividade a partir de empreendimentos cooperativos. Por isso, aqui, a identidade cooperativa em primeiro plano está a organização social das pessoas e, em consequência, nos propósitos que elas definirem”, avalia Marchioro.
A Cooperativa Vinícola Garibaldi expressa esse desenvolvimento. De acordo com seu relatório de sustentabilidade, em 2022 a cooperativa gerou uma receita bruta de 267,8 milhões com a vinificação de 26,1 milhões de quilos de uvas, provenientes de suas 450 famílias associadas – distribuídas em 17municípios do Estado do RS. Outro dado que reafirma sua responsabilidade social é a geração de impostos, foram 50,9 milhões de reais recolhidos apenas no ano passado.
Tudo isso tendo como foco as pessoas e cumprindo seus preceitos cooperativos como participação econômica, formação e interesse pela comunidade. “Um dos grandes méritos do cooperativismo é estar focado nas pessoas, o que aumenta a qualidade das relações. Cada vez mais a sociedade percebe que esse formato de negócio é uma alternativa para as relações de trabalho, criando novos valores em que todos ganham. É com valores assim que o cooperativismo tem contribuído para a construção de uma sociedade que se desenvolve a partir da sustentabilidade”, define Ló.