Se leve para passear!!

Já há algum tempo venho reparando mais no que está na minha presença. Por exemplo, aqui em meu escritório, parei e observei tudo o que está sobre a minha mesa. Encontrei o estojo dos meus óculos, senti os aromas que aqui estão e que estavam passando batidos há alguns dias. Quantos detalhes perdemos por não estarmos atentos ao nosso ambiente?

Foi assim que eu comecei a ficar muito mais presente no aqui e agora. E diante desta percepção, passei a reparar facilmente o quanto casais, famílias e grupos de amigos passam momentos juntos e vão para todos os lugares. Difícil é ver alguém sentado sozinho. Outro dia, em um restaurante, vi uma pessoa almoçando sozinha. Me lembrei das inúmeras viagens a trabalho que fiz pelo Brasil, em que eu também saía para almoçar, jantar e passear sozinha.

E, de certa forma, com este nível de percepção do presente, nos damos conta do quanto a humanidade não foi projetada para estar só. É raro encontrar alguém sem a companhia de outro ou até de seu pet. Justamente por este padrão, eu já deixei de me levar para alguns lugares. Exatamente pelo receio de chegar sozinha, ficar sozinha e conseguir aproveitar em vez de ficar me questionando por que estou ali.

Este ano, assumi o compromisso de me levar para passear. E tem sido uma doce descoberta. Sentir a presença do ambiente interagindo comigo. Experimentar uma forma de liberdade “moral”. Sim, porque como citei, se começarem a perceber com atenção, é difícil ver alguém só e, por trás disso, há uma prisão moral.

Esses momentos de me levar para passear têm sido prazerosos, e o novo desafio será fazer uma viagem em minha própria companhia. Aprendo tanto sobre mim nestes momentos. É como se eu me fizesse convites de sensações. Eu também me levo para passear no mundo do conhecimento. Gosto de ler ou ver vídeos sobre temas aleatórios ao meu dia. Esse passeio intelectual me conecta a mundos que até então pareciam desconhecidos.

Se levar para passear está sendo uma forma de viver o agora, porque ali, sozinha, tenho um nível de atenção que não é comum no dia a dia. Inclusive pelo fato de termos muitas distrações presentes. Esses dias, fiz uma lista de tudo o que me tira da presença. Celular, computador, televisão, leitura… praticamente tudo me tira da presença. Agora, me levar para passear me coloca na presença. Às vezes, quando estou de carro passeando, vou devagar para poder ver os detalhes de onde estou. Paro o carro, desço, vou até um local e me sento ali. Isso é presença. E nesses momentos, podemos perceber coisas que não estavam sendo vistas diante de tantos ruídos. Inclusive, sentimentos internos que estavam nebulosos se revelam.

Mesmo quando estou com meus filhos, eu também me levo para passear. Acredito que fazer este passeio não é exclusividade de estar só. Justamente por saber que é um momento de permanecer na presença e na percepção do ambiente com atenção plena e no sentir interno. Pode ser difícil expressar em palavras esta sensação, principalmente para aqueles que estão habituados a sempre estarem com outras pessoas ao redor. Mas eu afirmo: se levem para passear sozinhos. Uma caminhada pela cidade, sem fones, presente em todos os seus sentidos. Apenas observando atentamente o caminho, sem deixar a chuva de pensamentos lhe tirar da presença.

Esse se levar para passear, para mim, é uma forma de meditar. Faço isso sempre que posso, inclusive no caminho para levar os filhos na escola.  Estar presente é algo recente na minha vida, mas está sendo revelador e creio que será promissor. Descubro coisas novas a cada novo olhar e tenho clareza sobre emoções escondidas. Fica o meu convite para você se levar para passear e permear novos caminhos internos e externos. Ali, verá o quanto de coisas passam despercebidas. A leveza de estar e ser.

Mentora | Melissa Poletto
Youtube – Canal PAPUM
Poletto Soluções
DAALU.LAB
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