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Turismo, que demitiu 4,3 mil no RS, cria comitê para retomada das atividades

Setor estima perdas que beiram os R$ 5bilhões com a pandemia. CIC-BG tem diretora representando a entidade – e BentoGonçalves – no grupo.

 

Praticamente todos os setores econômicos sofreram profundosimpactos com a pandemia de coronavírus. Enquanto alguns deles conseguirammanter-se por meio do funcionamento parcial das atividades, outros forampraticamente impedidos de trabalhar. É o caso do turismo, importante atividadeeconômica do Estado que, apenas entre março e junho, perdeu R$ 4,7 bilhões emreceita, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Fomentar esse segmento é uma das bandeiras do CIC-BG(Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves) na gestão deRogério Capoani à frente da entidade no biênio 2020-2021. “Estamos cumprindonosso papel para fortalecer os elos junto às entidades do setor, à SecretariaMunicipal do Turismo e todo o trade, justamente para encorpar esse segmento ebuscar soluções para essa questão tão delicada e tão afetada como o turismo”,comenta Capoani.

Em busca de alternativas para reverter esses números, umestudo de entidades do setor desenvolvido com o trade turístico do Estado foiapresentado ao governo em meados de julho, acompanhado do pleito que buscaevitar o desmonte do turismo. Um dos dados da pesquisa, realizada com 768estabelecimentos de todas as regiões gaúchas, mostra que o setor demitiu 4.380pessoas em função da pandemia. O turismo é, segundo a CNC, o segmento que maisdemitiu entre os 21 setores da economia.

Com o estudo, o Comitê de Retomada do Turismo no RS propõeo aperfeiçoamento do modelo de Distanciamento Controlado e, também, o auxílioao Executivo em sua implantação. Uma das principais críticas ao atual formatoutilizado para tentar coibir o avanço da pandemia é a penalização imposta aestabelecimentos com a proibição de trabalharem. “É preciso parar com o ‘abre efecha’, essa imprevisibilidade é extremamente prejudicial. Além disso,independentemente da bandeira, deve haver um percentual de operação, ainda quesob protocolos mais rígidos – o que não pode mais ocorrer é o impedimento dasatividades, porque em uma empresa fechada não entra receita e, logo, não hámais como pagar as contas”, diz Gabrielle Signor Rodrigues, representante doCentro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves no comitê epresidente do Bento Convention Bureau, uma das entidades que coordenam o grupoao lado do Sebrae/RS, Segh Uva e Vinho e G30 Serra Gaúcha.

A pesquisa “Covid-19 e o impacto nos negócios turísticosdo RS” apresenta um panorama preocupante do setor, no qual apenas 25% dasempresas seguem ativas, como aponta a Junta Comercial, Industrial e Serviços doRS (Jucis/RS), e 40% das operações gastronômicas devem ser encerradas emdefinitivo, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes(Abrasel/RS). Do total dos estabelecimentos pesquisados, 33% veem um riscogrande de encerrarem as atividades durante os próximos dois meses, e para 52%,o faturamento caiu mais de 76% de abril a junho, em relação à igual período de2019. O cenário para o terceiro semestre não é alentador. O faturamento devecair mais de 50% para 71% das empresas.

No campo das demissões, 56% dos estabelecimentos járealizaram desligamentos e 35% avaliam fazer mais cortes. A pesquisa tambémmostrou que das 47% das empresas que buscaram financiamentos para se manteremna pandemia, 20% estão ainda tentando, 14,6% não conseguiram e 18% conseguiramcom alguma dificuldade. Pouco mais de 60% delas buscaram recursos de até R$ 100mil. Dos participantes da pesquisa, 80% são estabelecimentos de micro ou depequeno porte, e 56% têm mais de 10 anos de mercado.

 

Efeitos no cluster turístico

A Serra gaúcha é o segundo principal destino turístico doBrasil em termos de comercialização de visitas. Um dos motivos, além daspaisagens naturais e os parques temáticos –, é a rede de atuação conjunta entreatrativos, hotéis, gastronomia e comércio, o chamado cluster turístico. “Sealgum desses elos não está operando, não ocorre a prestação de serviço de formacompleta para o cliente, o que gera um impacto muito grande, pois se algumasempresas fecham agora, isso desestabiliza o cluster como um todo”, observaGabrielle.

Como consequência, ocorrem demissões, minando a excelênciano atendimento, conquistado na base de treinamento, de qualificação e depessoas-chaves selecionadas para funções estratégicas. “Isso é muito tristeporque foi uma conquista de anos. O que está acontecendo no Estado é umdesmonte do setor, porque estamos vendo empresas fechando e perdendo oprincipal ativo, que são as pessoas, o que impacta no cluster, que é essencialpara o funcionamento do turismo”, diz a presidente do Bento Convention Bureau.

Do total dos participantes da pesquisa, 64,5% eram daSerra. Somente na região, entre associados do Segh e do Sindtur, são mais de 4mil empresas ligadas ao turismo, que geram 25 mil empregos diretos e 73 mildependentes. Para cidades como Gramado, o turismo significa praticamente toda amatriz econômica, representando 85% do PIB, segundo a prefeitura.

 

Retomada de eventos com protocolos

Junto à desaceleração provocada pela pandemia no turismo,uma atividade que se beneficia desse ramo tem atravessado um momento nuncaantes vivenciado. A área de eventos praticamente deixou de existir nessesúltimos cinco meses com a impossibilidade de aglomeração e o distanciamentosocial. Flexibilizar as normas é uma das propostas do estudo do comitê. SegundoGabrielle, as medidas de restrição extrema eram necessárias no início dapandemia, quando ainda era preciso descobrir o mecanismo de propagação do víruse as formas de se proteger dele. Mas agora há formas de os eventos começarem aoperar novamente.

Gabrielle defende que muitas das medidas já foramabsorvidas pelas empresas e pelos clientes para se proteger e cuidar dopróximo. “É necessário fazer uma revisão porque há, sim, formas de realizarturismo e eventos com segurança, mantendo distanciamento, usando as medidas deproteção, ferramentas tecnológicas por ozônio, medição de temperatura, câmerastérmicas. Então, existe tecnologia e existe conhecimento para isso”, defende.Prova disso é o circuito de treinamentos simulando os novos protocolos paraeventos que ocorrerão em diversos pontos do Estado (o primeiro já foirealizado, em Bento Gonçalves), mostrando como é possível e viável promover oretorno responsável do setor.

O material do Comitê de Retomada do Turismo no RS tambémtraz sugestões de melhoria em todo o sistema de bandeiramento do DistanciamentoControlado. São mudanças nos protocolos, com a inclusão de medidas desegurança, a fim de contemplar, com algum funcionamento, todas as atividadesque não estão liberadas pelo governo. O texto tem o apoio de mais de 90entidades gaúchas de 41 municípios e de aproximadamente 400 empresas do setor deturismo e de eventos.

A pesquisa foi apresentada ao governador dia 29 de julhopelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, RodrigoLorenzoni. O comitê tenta uma audiência com chefe do Executivo para expor osargumentos em defesa da volta de todas as atividades ligadas ao turismo e aoseventos. 


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