Um novo olhar | A culpa por Melissa Poletto

Hoje eu resolvi me arriscar a escrever sobre um tema complexo e profundo: a culpa. Acredito cegamente que todos nós carregamos ou iremos carregar alguma culpa na vida.  São decisões que tomamos e que, muitas vezes, nos trazem a culpa no pacote. Bem como ideais criados que, algumas vezes, são fantasiosos e fazem com que nos sintamos culpados. São projetos não entregues, notas não tiradas, carreiras fracassadas, corpos não atingidos, estudos não concluídos, relacionamentos acabados, pai e mãe imperfeitos.

São tantas esferas que remetem à culpa, que só posso concluir que ela faz parte do processo. E uma vez aceitando que o sentir culpa faz parte do processo, compreendi que através dela nos tornamos adultos. Portanto, o processo que muitos buscam, eu inclusive busquei por muito tempo, é se livrar da culpa. Não faça isso! É ela que faz você crescer, amadurecer.

Então como faz, Melissa? É simples: suporte a culpa.

Quando escrevo suporte a culpa, o que quero dizer é: aceite que você é uma pessoa bem comum, assim como eu. E que você, na maioria das vezes, não consegue atingir a expectativa dos seus pais, do seu marido, da sua esposa, dos seus filhos e até mesmo aquelas que você coloca para si mesm@. Baixe suas expectativas. Dessa forma, suportará a culpa de ser comum, de não ser especial.

Outro ponto relevante para suportar a culpa é a sua autorresponsabilidade. Saiba que o seu ponto de vista é somente seu. Pare com a batalha de tentar provar para o outro. Se você não consegue bancar o seu ponto vista, ninguém, eu disse ninguém, fará isso por você. Portanto, se responsabilize pelos seus posicionamentos, pelas suas escolhas e, impreterivelmente, pelas consequências. Aqui está o ponto alto de suportar a culpa. Uma grande maioria toma decisões, faz escolhas e esquece de pensar nas consequências. É ali, nas consequências, que reside o suportar. É falso achar que querer é um poder, pois não é. A ação, com as consequências que ela traz, é o grande poder e frequentemente está atrelada a suportar as culpas.

Alguns exemplos: sair de um emprego em que ganhava bem para fazer uma escolha em que não tinha ganhos financeiros tão representativos, mas sim de realização pessoal. Terminar um relacionamento, um casamento que parecia de contos de fadas, mas que no fundo eram pessoas que não sabiam lidar com as diferenças e vivam subtraindo. Eu poderia citar inúmeras situações aqui, em que a pessoa que decidiu suportar uma culpa foi julgada por muitos que não estavam nem envolvidos na situação. Aqui já vale refletir o quão pequenos nos tornamos ao julgar as decisões dos outros. O julgamento nunca é o caminho da compaixão.

Esta pessoa que decidiu, ela fez, ela agiu e isso a diferencia de todos os outros que somente queriam uma vida diferente. Mas essa pessoa que decidiu teve que carregar a sua culpa. E muitos não suportam e acabam fazendo novamente o padrão inicial. É daqui que nasce a frase “lição não aprendida é lição repetida.” Isto é, pessoas que conseguiram decidir, mas não conseguiram suportar a culpa e voltaram ao padrão de antes, para, assim, aliviar a culpa. Maluco, não?

Algo que aprendi e fico atenta todo dia: tomar minhas decisões e avaliar com muito carinho as consequências, para assim analisar se vou conseguir suportar a culpa. Mas mesmo fazendo isso, confesso que situações iguais surgem, parece que para testar se seguirei firme, suportando a culpa. Talvez, agora que você leu isso, comece a perceber que com você isso também acontece.

Resumo da história: a saída é simples, porém suportar a culpa é onde reside o real mérito da transformação. Quem não decide, não arca com as consequências, não paga o preço e está fadado a uma vida de frustrações, porque continua na ingenuidade de agradar a tudo e a todos. Eu escolho suportar minhas culpas, porque viver na indecisão não é comigo. Ou vai, ou racha.

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