Um Novo Olhar | Destrava por Melissa Poletto

Hoje resolvi escrever sobre algo que está acontecendo, frequentemente,na minha vida. É um tal de trava e destrava, que chega a me irritar. Tenho oscilações entre produçãointensa e redução brusca da produtividade. Sim, eu sei, você sabeque a vida é uma constante oscilação, porém ela aumentou significativamente por aqui. E neste momento, sinto queainda não consigo teruma resposta para aumento desta frequência. É como se fosse umaguerra dentro do mês, de semanas na alta e semanas na baixa.

Então, vou abordarcom vocês algumas questões que venho me fazendo. Primeira: será que a pandemiaimpactou minha saúde mental? Segunda: será que eu perdi algumas habilidadesperante a questão doisolamento social? Terceira: qual o impacto do nível de incertezas do mundo naminha vida? Sim, existiriam inúmeras outras, mas resolvi abordar essas três, porque, talvez, secontinuasse, sentaria no chão em posição de feto e começaria a chorar. Rindo, mas de nervosa.

Em relação à primeira pergunta, será que esse trava e destrava está relacionado aoimpacto da pandemia em minha saúde mental? Facilmente muitos responderiam quesim. Mas tendo em vista que a pandemia é algo inevitável, isto é, ela existe e ponto, tenho que dar um jeito para conviver com ela. Poreste motivo, fui um pouco mais fundo nesta questão e comecei a me perguntar oque a minha saúde mental representa de fato para a Melissa. Assim, cheguei a algumas percepções, uma delas, de queestar com saúdemental está diretamente relacionado à minha saúdecorporal. Sinto que o mental está afetado quando eu me alimento de emoçõesatravésda comida, quando eu não consigo ter uma boa noite de sono e quando minhaprodutividade cai. Tudo isso vem acontecendo frequentemente, mas todos esses relatos são sintomas.Portanto, o que afetou minha saúde mental? Ainda não tenho certeza, mas hásinais de que está atrelado à minha rotina de antes da pandemia, época em que euia muito mais a clientes, conversava com mais pessoas, viajava, a trabalho namaior parte. Essa perda de contato, e por que não dizer deliberdade, vem me causando sintomas.

Por outro lado, a pandemia me trouxe coisas boas, que antes eu não via.Por exemplo, conseguir estar” presente parameus filhos, não estar tanto na correria de sair cedo e chegar tarde por causado trânsito, dos deslocamentos, além de eu estar mais segura no conforto do meu lar.Inclusive, quem me conhece sabe que seu eu fosse uma super-heroína, eu queria osuper poder de me teletransportar, porque tempo de deslocamento a cliente euacho uma perda de tempo de vida. Desabafos à parte, sigo. Que ironia, não? Apandemia tão temida e criticada trouxe práticas boas, e não foram poucas.

Vamos à segunda questão. Será que eu perdi algumas habilidades durante o isolamento social? Eu creio quesim. Por exemplo, eu sempre fui muito expansiva, comunicativa e, neste exatomomento, me sinto muito mais pronta para ouvir do que para falar. E indo umpouco mais a fundo na questão, percebi que não é somente pelo isolamentosocial, mas também pelas minhas descobertas pessoais alinhadas ao meu autoconhecimento.

Cada dia mais, vejo o quantoleve é ficar em um ponto neutro, e isso não quer dizer queeu não tenha opinião sobre diferentes assuntos, mas sim que não julgo. Isto é: se aquela pessoa pensa desta forma, está tudo bem, eu pensodiferente e está tudo bem também. Sem polaridades, sem certo ou errado, ou bom eruim, apenas aceitando as diferenças. E lembrando que todos têm direito depertencer. Inclusive as aranhas, que eu não curto muito. A habilidade derelacionamento interpessoal ainda está sendo questionada aqui se eu perdi ou não,mas certamente eu adquiri outras. Tais como o exercício da paciência e daaceitação.

A terceira questão está atrelada ao impacto das incertezas domundo na minha vida. Bem, nesta questão, vem um ponto que sempre foi muitopresente e tenho que desapegar”. É um constante orai e vigiai” comeste tema. Eu sempre quis ter o controle das situações. Sim, eu sei, você sabe,que isso é simplesmente IMPOSSÍVEL!!! Do que temos controle? Eu não consigo controlar nem a minha própriaalimentação. Mecoloca dentro de uma padaria eu perco a maturidade na hora.

É certo que tudo está muito mais acelerado por n”fatores que não vou explanar agora, mas esta aceleração traz o quê? A necessidadede adaptação. Uma das habilidades mais necessárias no mundo de hoje. E olha queeu sou uma pessoa que tenho uma certa facilidade em me adaptar a novasrealidades e situações. Porém, percebi que este nível de incerteza, de certa forma, me fez perdera crença em minhas potencialidades. Fico me questionando se vou dar conta, seconseguirei me adaptar tão rápido. Talvez por isso se fale tanto em vidafluída, tipo venha o que vier, seja como for, estarei aqui, me adaptando.

Confesso que tenho ciência da minha impotência perante muitassituações, mas ainda carrego certa arrogância, por achar que eu poderia mudaralgumas delas. Venho trabalhando isso através de algo que chamo deespiritualidade. Que não necessariamente tem a ver com questões espirituais oureligiosidade, e, sim,com algo que não vemos, mas sentimos.

Para deixar essa falsa visão de controle, exerço o confiar nestaespiritualidade que habita em mim e em você. Acreditar que tudo será da melhorforma para a minha vida e que, certamente, eu darei um jeito de me adaptar ouaceitar como é.

No momento, desejo ficar assim, pequena, vulnerável e deixando a vida acontecer damaneira que se apresenta.

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