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Um novo olhar | Efeito Sanfona por Melissa Poletto

Quem nunca sofreu com o tão chamado “efeito sanfona”? Ele está diretamente atrelado ao ato de ganhar e perder peso, isto é, um desequilíbrio, uma dificuldade de se manter de uma mesma forma. Sim, há pessoas que eu conheço de uma vida inteira e que permanecem sempre no mesmo peso, o que facilmente posso afirmar que não é o meu caso.

Mas no texto de hoje, a ideia não é falar sobre o “efeito sanfona” somente associado à questão do peso corporal, mas da montanha russa que nós, mulheres, vivemos durante o nosso mês. Estou falando do nosso ciclo menstrual, que se inicia na pré-adolescência e segue conosco até a fase adulta. Sim, eu me sinto uma sanfona nesta fase. Sei exatamente o período em que estou fechada, o período em que quero abrir, mas com muito cuidado, e o período em que saio exalando notas para todo o lado. Vivo o efeito sanfona todo o mês.

Eu costumava dizer que eu sofria com as variações de humor e de peso na TPM, porém, o ciclo menstrual é composto, em média, por 28 dias. Isto é, o ciclo da mulher vai além da tão famosa TPM. Lembro em rodas de conversas com amigas de algumas falarem que não sentem as variações do seu ciclo, que não sofriam de TPM. Eu sentia inveja, queria aquela paz dentro de mim. Porém, comigo nunca foi assim. E o que quero com este texto é compartilhar que comecei a ter essa paz somente agora, aos 44 anos, e ela é oriunda de um aprendizado sobre o feminino. Não confundam com feminismo, o texto definitivamente não é sobre isso. É, sim, sobre a compreensão do meu ciclo, do ciclo do meu feminino. Comecei a perceber meu humor, minha produtividade, minha força, meu poder de criação, e cada um desses momentos varia de acordo com o meu ciclo.

Um dos pontos mais dolorosos destas descobertas foi perceber que, por muito tempo, eu buscava a linearidade. Eu buscava sempre estar com a produtividade alta, com a criatividade aguçada e me mantendo forte. Certamente, eu perdia todo mês esta constância. Eu renegava minha natureza cíclica. E ao negar isso, me achava uma perdedora, uma pessoa desequilibrada e, por que não, uma fracassada. Refleti, descobri e aceitei meu mês cíclico este ano. Quantas dores carreguei por esta luta fadada ao fracasso. Não respeitar minha natureza como mulher foi uma das piores agressões a que me submeti. E muito disso foi por desconhecimento, por querer o que a maioria quer, não menstruar e ter 100% de energia o tempo todo.

Se você conhece alguém que usa DIU, anticoncepcional contínuo ou outro método para não menstruar, converse com esta mulher, ela também sente os efeitos do ciclo. É tão mais forte do que nós. É da nossa natureza e não há medicação que tire a força do ciclo.

Bem, diante deste aprendizado, eu comecei a sentir meu ciclo, os efeitos dele sobre o meu mês, e alinhei minhas tarefas a ele, respeitando esse efeito sanfona de 28 dias. Os meus ganhos através desta postura são muitos. Vou citar alguns. Primeiro, hoje eu não me culpo pelas oscilações de peso, humor e produtividade dentro do ciclo; respeito e aceito. Segundo, organizei meus trabalhos nas semanas de produtividade e criatividade e obtive excelentes resultados. A semana de baixa é o meu momento de transformação, de metamorfose. E esse é o grande ganho.

O momento em que a sanfona fecha, em que fico mais recolhida e meu humor fica alterado, é o momento em que estou me preparando para sangrar. A tão temida TPM. E neste meu aprendizado no feminino, aprendi que esta fase entre a TPM e sangrar é o momento em que a mulher tem o poder de transmutar sentimentos.  Portanto, hoje, na minha TPM, eu fico percebendo minhas emoções. Uma das mais latentes é a raiva, e hoje eu nomeio essa emoção buscando a raiz dela, que muitas vezes herdei das minhas ancestrais. Nesse processo, fiz descobertas sobre dores que estão por debaixo da raiva.

Depois desta fase, eu sangro, e na maioria das vezes eu carrego a tristeza. Fui avaliar e percebi que tenho essa emoção por sentir como uma despedida dos sentimentos que tive durante a TPM. E assim vou transmutando dores, todo mês. Talvez seja difícil compreender, mas se você, mulher, se permitir viver sua natureza, verá transformações acontecendo em sua vida. Sinta-se abraçada.

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