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Um Novo Olhar | Eu e meu travesseiro por Melissa Poletto

Por aqui as coisas estão pesadas em 2021. E por aí, como andam? Não sei bem oporquê e se tem realmente uma explicação. Só sei que os dias estão mais pesados, tristes ecinzas. Talvez eu tenhacriado uma expectativa de que 2021 seria um ano demais aproximação, empatia e equilíbrio. Sim, é provável que tenha sido isso.

Nesses dias,meu maior companheiro é o travesseiro. Como sabem, meus pais já faleceram, sou divorciada, mãe de doisfilhos lindos e tenho minha vida de empreendedora. No empreendedorismo, está cada dia maisdifícil resistir, diante de tantas incertezas. E justamente neste momento, otravesseiro se tornou meu amigo. Noites de conversas, pensamentos densos,lágrimas e algumas risadas sozinha. Se meu travesseiro falassetalvez ele diria: essamoça tem encontros perturbadores, outros reveladores e alguns encantadorestodas as noites.

Ali, com meu travesseiro, tenho meus sonhos guardados, minhas lágrimasenxugadas e os descansos merecidos. É com ele que a insônia às vezes aparece,que os pesadelos perturbam e que a força surge. Tenho segredos guardados com ele. Etenho certeza que todos nós temos este local, que é quase uma caixa preta. É onde temosnossas emoções mais profundas guardadas a sete chaves. Eu ando por estecaminho com muito cuidado. Até o momento em que tropeço naquele medo e caio de carano meu travesseiro.

Quantos gritos já dei ali. De raiva, de sinal de impotência, defragilidade. Quantas vezes olhei para toda esta minha pequenez e senti a dor.Sim, porque toda esta pequenez trás a dor com ela. A dor de não conseguir fazertudo do meu jeito, de não ir lá e resolver como meus pais me ensinaram esabe por quê? Porquetem coisas que não são de resolver, são de sentir. Mas, na maioria das vezes, a gente fogedesta sensação. Muito porque queremos acreditar que temos o controle, que somosdonos” da nossa vida. Pasmem, meus amigos,o livre arbítrio é muito baixo, e confiar é algo que não nos é ensinado. Como confiar emuma folha em branco? Como confiar diante de tantas incertezas? Como confiardiante de tantas decepções? Vou lhes contar meu olhar.

Confiem no que vocês estão fazendo hoje. O que fizeram ontem já sefoi. Mas o que estão fazendo agora é o que conta. Deixem o seu medo e a insegurançalá no travesseiro. Peçam para ele segurar isso para vocês. E corram pela vida como se a morte fosse chegar amanhã, até porque ela chegará. Aprendam a sentir. Deixem de racionalizar tudo. Façam uma relação das situações que vocês vivem no seu dia a dia e nomeiem os sentimentos que elastrazem. Assim, vocêsestarão aprendendo como se sentem. Mais uma vez, contem para o seutravesseiro. Ele vai ouvir, vai acolher e não vai julgar.

Sim, este isolamento social está afetando a muitos, eu me sintoafetada. Não me sinto segura em sair, minhas amizades foram, por causa dapandemia, se afastando também, e a dificuldade em me concentrar vem aumentando a cada dia. Sintoque minha rotina sai de cena facilmente. As escolas vêm dando seu melhor, masos pais vêm dando o que não têm para dar o suporte à educação. E minha saúdemental anda em desequilíbrio, sim. Por vezes, choro muito, por outrasme isolo, mas, quase sempre, sinto que o caminho está sendo trilhado.

Recentemente, escolhi compartilhar meus conhecimentos e aprendizados. Sinto que issovem fazendo sentido para outras pessoas. Aqui me questiono: se falássemosmais de como nos sentimos, será que o mundo poderia se tornar melhor? Mais humano? É incrível como ocoronavírus só atinge seres humanos e não todos os seres vivos. O que temospara aprender com tudo isso? O que estamos precisando olhar? Qual o sentidodisso tudo?

Eu sei que fiz minhas escolhas e hoje arco com as consequências,inclusive suportando minhas culpas. O preço é alto, porém eu não posso fugir das consequências, isso é o que sempre ensino a meusfilhos. Eu e meu travesseiro seguiremos tendo longas conversas, ele continuarásendo meu amigo e enxugará minhas lágrimas. E sigo acreditando em um finalfeliz para este período de pandemia. Espero, sinceramente, que eu possa sair dissocom mais força, com maior resistência aos tropeços da vida, porque eles vãocontinuar existindo, com ou sem coronavírus.

Desejo aos meus querid@s leitores uma boa conversa com seu travesseiro.Chegou a hora de colocar alguns monstros para fora.

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