Nada mais justo doque estrear a colunaexplicando o nome dela e as minhas humildes intenções. Assim que recebi o convite para ser colunista do Jornal Design Serra, aceitei, pois sabia que esta seria umaforma de provocar novos pensamentos sobre tudo aquilo que nos rodeia. Temos a ilusão de achar que os acontecimentos e as relações pessoais e profissionais que noscercam são suficientes. Por experiência própria, afirmo que elas nos limitam. Se não conseguirmosolhar além, ver novas possibilidades e novosolhares, provavelmente estaremos fadados a morrersem deixar um legado. E foi justamente isso que me fez aceitar o convite. Se eu conseguir trazer novos “pensos”, provavelmente estarei saciando a vontade dedesenvolver um novo olhar.
Além do nome, eu tinha que escolher uma cor e umaimagem. Logo me veio o laranja e o nascer do sol. Eu amo as noites claras com uma lua bem cheia. Mas também sei que, à noite, os pensamentos se agitam, os negativos afloram eaté a febre sobe. Nada como o nascer do sol para dar um novo olhar sobre a noite de tormenta, trazer esperança e, principalmente, uma nova oportunidade.
Eu tenho um novo olhar que vem trazendo grande leveza para a minha vida. Existem olhares ao passado, ao presente e aofuturo, mas o mais transformador acontece dentro da gente. E foi por este olharinterno que eu comecei a formar um mundo novo. Os estímulos para estabusca aconteceram do lado de fora, por temas que me chamavam atenção, porrelação turbulentas e por cansaço. Cansei de viver em um mundo de certezas, deter que carregar o fardo deencontrar as respostas corretas. Neste ponto, comecei a questionar o que é certo ou errado. E para quem.
Depois de chegar aessa pergunta, foi inevitável o mergulho interno… e vou lhes contar: tem muita profundeza no interno. Tanta, que tenho certeza que será uma jornada até os meus últimosinstantes de vida. Foi nestenovo olhar da Melissa que descobri que eu poderia ser o que eu quisesse. Que eunão necessitava de nenhuma aprovação além da minha. E, neste momento, olhei o medo nos olhos e pensei… você nem é tão feio assim. Mejuntei com a coragem e fui. Vi que através do compartilhamento deexperiências, podemos nos ver nos olhos dos outros, e isso nos dá CORAGEM. E foi aí que comecei a compartilhar minhas emoções, meus “pensos”, e vi que as pessoas se viam na minha história, se reconheciam através do medo, da raiva, da tristeza, da alegria e do amor. Aliás, essas cinco emoções básicas reverberam em todas as nossas experiências de vida. É exatamente por isso que todos se reconhecem através das emoções.
E vou compartilhar com vocês: ninguém segura uma pessoa com CORAGEM de ser quem ela SENTE que é. Eu senti que eu sou muito mais que um diploma ou a proprietária de um empresa bem sucedida, o que, diga-se de passagem, é um ato heroico em nosso país. Sou mãe com muito amor e carinho, não vejominha vida sem meus filhos, mas também não vejo minha vida sem aprender, sem colaborar com o próximo e deixar um mundo melhor por onde passo.
O engraçado disso tudo é que esse grande mergulho para o novo olharinterno aconteceu depois da partida da minha mãe, em 2016. Esta, sem dúvida, foi a pior dorque eu já senti na minha vida. Me foi tirado um pedaço do peito e, principalmente, o colo dela. Aquele lugar seguro e com o maioramor do mundo. Claro, ainda tenho o colo do meu pai, meu mentor, minha inspiração. Isto prova comonos fortalecemos pela dor. Eu vi o medo da morte de um ente querido de frente econsegui enfrentar e passar pelo processo do luto. Mas, depois que eu saí desse processo, eu queria despertar a minha vida para um crescimento incessante. E foi nesteponto que decidi encarar outros medos e vi o quanto eu tinha para fazer por mim, o quanto me deixei de lado. E, então, parei de adiar. Tomei decisões difíceis, mas resolvi seguir me reconstruindo e meconhecendo cada dia mais. Quanto mais nos conhecemos, mais clareza temos sobre qual é o nosso legado. Hoje, estou focada em separar o que eu realmentepreciso daquilo que eu só desejo, pois neste ponto, muitas vezes nos perdemos, e o essencial escapapor entre os dedos.
Ainda falando sobredecisões difíceis, acrescento que venhotendo cuidado com esse termo, pois não é para ser difícil. Apenas temos que entender que para nasceremnovos ciclos, alguns devem ser encerrados. E está tudo bem.
Agora, estou alinhando este meu olhar internocom o externo, curtindo o meu caminho, fazendo sentido nas relações que eutenho, respeitando o espaço de cada um e me dando o espaço necessário para me manteralerta aos novos olhares que me são revelados no dia a dia. Tenho que ter umcerto cuidado com o olhar do futuro, eu sou apaixonada por ele. Acredito que a era digital vai nos trazer um mundo muito melhor que o de hoje, mais igualitário, mais humano,mais seguro e mais sustentável. Só que eu sei que para haver esta construção de um futuro promissor, precisamos nos permitir errar, compartilhar ecolaborar. E são estas pessoas queirão construir este mundo tão próspero.
Meu convite está feito. Acompanhe minha coluna e se permita ter umnovo olhar. Nem sempre você vai concordar, e esta não é a minha intenção, mas nas diferenças também temos pontos de convergência. Lembre o que eu mesma citei: o que é certo e o que é errado? Depende somente do observador e demais ninguém. Se permita um novo olhar.