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A saúde tem rosto e tem família | Alexandre Pressi

“No meu ponto de vista particular, pelo fato de eu ter asma, pode ser um pouco diferente talvez de muitos profissionais da saúde que estão atendendo sem ter comorbitárias. Sou grupo de risco não pela idade, mas por ser asmático desde a infância e como estamos na linha de frente atendendo um número grande de casos, estamos procurando nos atualizarmos o máximo possível do ponto de vista de prevenção, diagnóstico e tratamento. 


Quando vamos investigar os casos de óbitos na Europa ou Estados Unidos, por exemplo, a gente pode perceber que muitos profissionais da área de saúde ou pacientes jovens que faleceram tinham em comorbidade asma em particular, como único fator. Não tinham mais de 60 anos, não eram cardiopatas, não tinham diabetes, mas simplesmente uma doença respiratória que até muito deles asma, pelo que conseguimos apurar, controlada. 


Muitas vezes a gente atendendo os pacientes, nos causa uma angústia grande com relação a gente contrair o vírus, cursar com uma doença grave, ficar hospitalizado, necessitar de uma UTI, com o risco de morte. Quem convive o dia a dia com isso sabe que é muito possível de acontecer.


Além disso, fora o risco de gravidade a gente sempre imagina que adquirindo esse vírus nos impossibilita de prestar nosso serviço por no mínimo 14 dias, justamente em uma época em que a população depende muito do nosso atendimento porque somos fundamentais para fazermos um diagnóstico preciso da patologia, se realmente é um Covid-19 ou se é gripe normal, ou até mesmo uma pneumonia bacteriana que costuma estar presente principalmente aqui na nossa região. 


A gente tem o fator ansiogênico com nossa própria saúde, em não poder trabalhar e fazer nosso atendimento e outro fator preocupante é levar pra casa esse vírus e transmitir para nossos familiares. Então é um cuidado muito grande na chegada do consultório em termos de esterilização. Temos um cuidado muito maior pela gente e pelas pessoas que estão em casa.


Esse momento, muitas vezes leva a gente a refletir o quanto estamos gerando de benefício ou se descuidado da saúde, mas faz parte da profissão, quando assumimos ela, sabíamos dos riscos que poderiam vir a acontecer. E muitas situações que nos geram tristezas também acontecem, como a perda de pacientes. Faz parte do trabalho, é bonito ver o pessoal batendo palmas para a área da saúde, mas internamente sabemos que faz parte da nossa profissão, tudo que estamos fazendo neste momento é algo que sempre fizemos e sempre vamos fazer. É atendimento, uma prestação de serviço, cuidar das pessoas. Essa é a ideia principal, embora gere essa angústia faz parte da nossa vida.” 

Alexandre Pressi,

Médico Pneumologista

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