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Panorama aponta desafios e oportunidades para avanço da indústria 4.0 no país

Live promovida pelo CIC-BG reuniu odiretor geral da KUKA Roboter do Brasil, Edouard Mekhalian, o CEO da DalcaBrasil, Bruno Dal Fré, e o 1º vice para Assuntos da Indústria da entidade,Francisco Luis Bertolini Neto

 

Enquanto a média mundial de robôs instalados em chão defábrica é de 113 para cada 10 mil trabalhadores, no Brasil esse número é deapenas 10. A estatística, apresentada durante a live que o Centro da Indústria,Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) realizou na noite de 28 desetembto, ajuda a compreender o quão distante o país está atrasado nainstalação de robôs industriais na manufatura.

Essa é uma parte do processo que compromete também o avançodo país na transição para a indústria 4.0, o conjunto de inovações em automaçãoaplicados à manufatura relacionados à inteligência artificial, big data einternet das coisas, entre outros atributos.

Conforme os números da Federação Internacional de Robótica,com sede na Alemanha, entre 2009 e 2017 foram instalados no Brasil, em média,1.128 robôs industriais por ano. Em 2018, houve um salto para 2.196, mas em2019 voltou a retrair, chegando a 1.818 – no mesmo ano, nos Estados Unidos,foram instalados 33,3 mil robôs.

Para um dos convidados da live, o diretor geral da KUKARoboter do Brasil, Edouard Mekhalian, parte desse atraso no Brasil tem fundohistórico. “Nossa revolução industrial, entre aspas, começa para valer a partirdos anos 1930 e o restante seguiu com a internacionalização, em 1956. Nossaefetiva industrialização tem um atraso de mais de 150 anos em relação à Europa,aos Estados Unidos e a alguns países asiáticos”, disse o executivo, cujaempresa com sede na Alemanha produz mais de 235 tipos de robôs para seremutilizados na manufatura em qualquer área.

Muitos são os motivos que dificultam a aquisição de robôsno Brasil, segundo Mekhalian. “O robô sozinho não faz nada, ele precisa deintegração. Até pouco tempo atrás havia carência de empresas integradoras (comoé a Dalca Brasil). Depois surgiu a questão da pandemia, que inviabilizou ofertade crédito, e a questão da demanda, que o governo precisa trabalhar em conjuntocom as indústrias para as fábricas produzirem mais e vender mais”, disse oexecutivo da KUKA, já apontando um dos caminhos para que ocorra aumento darobótica no país.

Em 2019, mais de 70% dos robôs industriais articulados domundo foram instalados em indústrias de apenas cinco países – China, Japão,Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. Já no próximo ano, a China deve ser oprimeiro país do mundo a superar a barreira de 1 milhão de robôs instalados.

É um cenário de grande crescimento mundial. Em 2009, omercado global foi abastecido com 60 mil máquinas. Dez anos depois, o totalmais do que sextuplicou, chegando a 373 mil unidades – um pequeno decréscimo emrelação a 2018, quando se atingiu 422 mil robôs, devido às desavenças entreChina e Estados Unidos e problemas econômicos de ordem mundial.

Estima-se que até 2023, de acordo comem a FederaçãoInternacional de Robótica, haverá mais de 4 milhões dessas máquinas emoperações industriais. Um outro dado apresentado por Mekhalian, do BostonConsulting Group, aponta que cerca de 25% de todas as atividades em chão defábrica serão automatizadas com robôs até 2025, com uma redução do custo da mãode obra de até 16%. “O Brasil terá muitos problemas para competir neste setornas áreas de manufatura com outros países que estão investindo em automação”,prevê o diretor da KUKA.

Mesmo diante da operacionalização digital nas fábricas, ospaíses que investem nisso não apresentam grandes índices de desemprego. Issoporque, explica Mekhalian, a redução nos custos de produção com a automaçãoprecisa ser parcialmente ou o máximo possível repassada aos produtos. “Comprodutos melhores e preços mais baixos, há uma tendência de se vender mais,ocasionando um crescimento de demanda por produtos e a criação de novosempregos, não mais tanto no chão de fábrica, mas em outras áreas dessasempresas”, disse, baseado num estudo do Centro de Pesquisa Econômica Europeiadesenvolvido com a Universidade de Utrecht, na Holanda.

Mekhalian diz que o Brasil precisa aprender a superar essamentalidade de que a indústria 4.0 trará desemprego. “Com aumento daprodutividade e da competitividade você vai vender mais, é aí que as coisasfecham, e você cria um ambiente propício para outras pessoas serem contratadasde modo que seja aproveitado mais o intelecto delas do que as mãos”. Oexecutivo cita o exemplo da Coreia do Sul para exemplificar como a indústria4.0 é fundamental para trazer competitividade. “A Coreia tem quase 800 robôspara cada 10 mil trabalhadores e todo mundo tem um produto sul-coreano em casa.Ela atingiu essa excelência em manufatura sem desemprego, pelo contrário, estáa pleno emprego lá. A gente não tem que ter medo dessas coisas. A indústria 4.0não tem nada de ficção científica, é a evolução da indústria 3.0, são novoselementos que, somados, trazem os benefícios da indústria 4.0, com o big data,realidade aumentada, comunicação entre máquinas de forma inteligente. É umamera questão de aproveitamento de todas essas tecnologias que estãodisponíveis”, afirmou.

 

Soluções locais

É atuando nesse nicho, por exemplo, que está a DalcaBrasil, de Bento Gonçalves. Outro convidado da live, o CEO da empresa, BrunoDal Fré, disse que indústria 4.0 não é futuro, e sim presente. A lista debenefícios a quem entra nesse processo é muito grande para a competitividade,com redução de custos, aumento de produtividade, segurança dos trabalhadores,qualidade constante e confiabilidade dos robôs. “É necessário ter cuidado paraautomatizar aos poucos, com robôs mais simples e utilizá-los em itens de maiorprodução para ter um retorno de investimento mais rápido. É importante acertar naprimeira vez, pois um investimento errado vai atrasar o progresso”, disse DalFré.

A avalição para esse tipo de operação é complexa e exige otrabalho dos chamados integradores, como é o caso da Dalca Brasil. Há que seconsiderar os custos do investimento inicial, de capacitação de operadores, deinstalação, de peças de reposição e do rampup (impacto da automação na fábrica,já que nos primeiros meses a produção não será plena). Entretanto, háfacilidade como abertura de turnos, redução de espaço da fábrica, de descartes,de acidentes e de recontratação, entre outros.

A live teve intermediação do 1º vice para Assuntos daIndústria do CIC-BG, Francisco Luis Bertolini Neto, e está à disposição noFacebook da entidade (facebook.com/cic.bg) e no Youtube do CIC: https://tinyurl.com/y5nkureh.

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