por Melissa Poletto
Outro dia, ouvi um podcast da Tati Bernardi em que ela entrevistou Betty Milan, uma escritora e psicanalista brasileira. Autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Daquele podcast, veio um grande insight sobre esta minha fase de escrever.
Eu nunca fui a filha ou a aluna mais inteligente, eu nunca gostei muito de ler, entrei nesse mundo há pouco tempo. Porém, ao me conhecer e a perceber o comportamento das pessoas, um tema que me encanta, passei a ter inspiração para escrever. Portanto, eu jamais diria que em 2020 eu começaria a escrever para o Jornal Design. Mas aconteceu, e essa descoberta da escrita se tornou uma nova paixão que está adentrando em tudo na minha vida. Até um diário eu passei a ter, pós adolescência. Tenho anotações sobre temas no bloco de notas do celular. Preencho minhas redes sociais com pensos.
Lembro que, em um determinado período, eu escrevi textos pelo Medium para divulgação na rede LinkedIn e recebi um alerta do meu primo. Ao ler um dos meus textos, ele me indagou: “você que escreveu tudo aquilo?” Eu respondi sim. Não satisfeito, ele seguiu e me perguntou: “e quanto tempo você leva para escrever?” Eu falei que, depois que a ideia central se forma, é rápido. E então ele me falou: “você leva jeito”. Eis eu, hoje, falando sobre esse processo.
Mas voltando ao podcast. Elas falavam sobre o escrever e sobre o quanto a escrita acabava sendo um processo terapêutico, pois escrevendo conseguem expressar sentimentos que não são expressos pela fala. Isso acontece comigo. Tudo começa com um tema, por exemplo, o de hoje: o meu processo de escrever. Depois, chego em um título, que acaba sendo o grande ponto para onde tudo converge. É como se os muros das crenças e dos medos caíssem.
Escrevendo, sinto como se uma barragem fosse derrubada pela força da água, no caso dos pensamentos. Ali, vejo minha alma se despindo. Pode surgir de um sentimento que vivi naquele dia, de uma ferida mais profunda, das minhas incertezas, inseguranças. Eu nem sei explicar direito o processo da escrita. Ele chega e parece que eu sou tomada por palavras que se complementam.
Como é lindo este processo de vulnerabilidade no qual me coloco diariamente. Venho me tornando cada dia mais nua perante o mundo. Sem preconceitos, sem armaduras. Parece que algo mágico acontece. A minha alma entra em contato comigo e me faz ver o que não via.
E confesso que isso não é logo após escrever o texto, são dias até compreender tudo o que estava nas entrelinhas. Escrevo despindo a minha alma através das palavras que buscam mostrar esse novo olhar que surge e que precisa de um tempo para ajustar o foco. Por muitas vezes, me sinto cega perante a obviedade da realidade, e o ato de escrever me traz esta clareza.
Agora pergunto: como é com você? O que lhe faz despir a alma? Como sente que acessou algo desconhecido que reside em você? Eu acredito que fiz uma linda descoberta e que ela vem fazendo muito sentido.
Que eu siga despindo minha alma. E que vocês sigam recebendo com amor esse novo olhar.